Por Filomena Cabral
«Ao som do mar, à luz do céu profundo», decorreu a cerimónia de posse do novo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, conforme protocolo estabelecido, com dignidade - não poderia ser de ouro modo: o Brasil, com a sua História portentosa, força e grandeza foi ainda, aos olhos do mundo, o País de quimera de sempre, ainda que transmudada ao longo de séculos. É tal o seu fascínio que aparenta a tudo sobreviver, ao ideal extremista, à traição, refundindo, quando possível, episódios idênticos aos mais recentes da sua história.
A evolução fez somar as tradições ameríndias e africanas, japonesas, alemãs, italianas, entrelaçadas com as portuguesas fundadoras da unidade territorial e política de uma das grandes potências do passado colonial. Agora que as grandes instituições coloniais, cujo símbolo maior é o Real Gabinete Português de Leitura, já não são de responsabilidade de portugueses mas de brasileiros, vem a propósito relembrar Torga: «não se trata da separação em dois Estados, trata-se dos fios da multiculturalidade que os tecem», dos fios que por diferentes latitudes se incorporaram na formação de identidades políticas, dando à iniciativa brasileira a oportunidade de ser e de receber, formados a CPLP e o Instituto Internacional de Língua Portuguesa.
E foi esse traço de União que o Chefe de Estado português entendeu reforçar no momento ideal, o da investidura do novo Presidente do Brasil. A CPLP, enquanto forte traço de união, parece pedir mais relevo e empenhamento «na área de solidariedade, sonhada e desenvolvida entre os povos por onde a acção portuguesa semeou futuros independentes.»
Avisos bastantes dessa fragmentação desunida, em termos da Língua Comum, uma das mais faladas no mundo, levam a que Marcelo Rebelo de Sousa - muito justamente considerado a 1ª figura pública do Ano 18, por tudo o que bem conhecemos de dedicação e entrega, no exercício do cargo -, intensamente se empenhe na revitalização de políticas de uma Língua comum e universal.
A sua presença na tomada de posse do novo Presidente do Brasil traduz o empenho que coloca em todas os acontecimentos importantes que reforcem a portugalidade... E o Brasil é, sem dúvida, o escrínio precioso da «phala», para além de Portugal.
Todos, portugueses e brasileiros - o mundo - estiveram atentos, no 1º dia de Janeiro, ao dealbar de uma nova faceta brasileira - a orbe sempre em rotação -, deferentes para com o cerimonial na belíssima Brasília.
O Presidente da República Portuguesa, pelas qualidades incomuns reconhecidas, pela empatia e responsabilidade política, acaba de reforçar laço antiquíssimo com o Brasil. E tudo decorreu pelo melhor. O futuro pertence a Deus, aos brasileiros e ao mundo: hoje, a interdependência freia arroubos de caciquismo.
Que os anjos magníficos da catedral de Brasília - de beleza incomparável -, simbolizem, cada vez mais, no que nos cabe, cuidado milenar, intemporal, na formação da Nação portuguesa, com quase 900 anos; não combateu um Anjo ao lado de Afonso Henriques? Acreditemos na alegoria, pois continua a bater-se por nós:
Já em 2019,ano de eleições legislativas, acabamos de saber que o Ministro das Finanças, Mário Centeno, se destacou, inegavelmente, na ágora de Bruxelas. Nós, portugueses, e a entrega a acções exaltantes! A força desconhecida que nos fez outrora deambular por terras estranhas, paisagens jamais vistas, alicia a que regressemos ao passado através de reminiscências fulgurantes... O achamento do Brasil do nosso orgulho, uma delas. Que o fascinante Brasil refloresça, em Paz e Harmonia; seja, ainda e sempre, «terra da felicidade.»
Nós, portugueses, continuaremos a porfiar na esperança.