Acontece-me, recentemente, sentir-me confusamente
analfabeta. Isto pode suceder ouvindo o telejornal ou lendo
um bom livro de uma editora de prestígio. Fico suspensa,
repetindo a frase inexplicável que ouvi, ou relendo vezes sem
fim o que li. Sem entender. O que percebo é absurdo, não
pode ser. Logo, terá de ser outra coisa. Mas o quê??? Como
dar sentido a uma frase que o não tem? Que têm em comum
dois misteriosos segmentos de discurso, um lido, outro
ouvido, sobre temas completamente diferentes, unidos,
apenas, pela receptora: eu, com a minha perplexidade? Ao
fim de algum tempo, chego lá. Falta um sinal de pontuação,
muitas vezes uma vírgula. É o suficiente para que passe a
ganhar sentido o que antes não o tinha. No texto da rádio ou
da televisão, bastaria mudar a entoação, retirar o tom
interrogativo a algo que não é uma pergunta, fazer uma
pequena pausa entre um e outro assunto, etc. A mais
elementar prosódia, nada de muito complicado, mas é preciso
saber. O problema é que não me refiro a situações isoladas,
todos nós temos as nossas falhas, mas isto começa a ser
frequente. Na rádio e na televisão trata-se, parece-me, de
querer criar um estilo original. Tão original, que paira acima
da nossa compreensão. No texto escrito, ou é ignorância com
mau uso dos sinais de pontuação, ou falta de revisão. Tudo
isto não seria grave, se não se caracterizasse pela constância,
por aquilo que começa a ganhar assustadoramente uma aura
de estilo. Pensava-me letrada, mas vejo-me mergulhada numa
nova iliteracia. Solução? Esquecer tudo o que aprendi. Ao ritmo a que me vão aparecendo os “mestres”, não será
difícil…
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