2021-12-08
Cá estamos nós...


Risoleta C Pinto Pedro




... caríssimo leitor da Unicepe, mais uma vez em Dezembro, mais uma vez aproximando-nos a passos largos do Natal, essa entidade cada vez mais vaga e ao mesmo tempo avassaladora, ou aproximando-se ele de nós, esse fenómeno perturbador que transforma a fisionomia das cidades, quando afinal se trata apenas de um menino que está quase a nascer… há dois mil anos.

Precisamos de repetir o drama, porque, na verdade, ainda não nasceu. E afinal, qual é o impedimento? Somos nós, que transformamos aquilo que deveria ser a suave e tranquila maternidade, numa casa de doidos.

Que fenómeno é este que nos retira de nós, que nos afasta do centro, que faz apelo àquilo a que de pior se vem entregando a humanidade: o consumismo, a pressa, a alienação, a inversão de valores, como viver o Natal como uma espécie de carnaval, o excesso.

Será que nos é assim tão insuportável o drama da maternidade que tem de se esconder para se proteger, a ponto de precisarmos de o ocultar com embrulhos, brilho artificial, almoços e jantares, música sob a forma de barulho obsessivamente por todo o lado, será que tememos tanto assim a pobreza que necessitamos de a disfarçar com o maior luxo?

Eu sei que estou a pintar o cenário com cores muito fortes e tendenciosas, esta não é a verdade toda, existe também o outro lado, o lado solidário, os que conseguem fazer silêncio para ouvir o menino, os que, como alguns queridos ex-alunos meus fizeram durante anos, sacrificam a consoada com os seus para estar na rua com aqueles que nada têm de seu, os que trabalham na noite em que outros festejam, os que estão atentos a quem está só.

Era aqui que eu queria chegar. Esqueçamos, então, o primeiro cenário. Inspiremo-nos neste. Obrigada por terem chegado até aqui comigo. Fechemos os olhos, ouçamos interiormente o “Adeste Fidelis”, retiremo-nos para o tempo em que os nossos olhos se abriam de espanto para o presépio ou para a árvore de Natal e detenhamo-nos por algum tempo aí. Assim vos deixo, até à próxima crónica que será publicada dois dias antes do Acontecimento que a todos nos liga, crentes e não-crentes. Porque, afinal, o nascer e o renascer, dizem respeito a todos, e meninos seremos sempre, como aquele que nos sorri eternamente das palhas onde todos os anos o colocamos para não nos esquecermos de nós.


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