Nem sempre é fácil catalogar os livros, razão pela qual muitos deles acabam por ir parar à secção errada, mas não sei se alguma vez alguém tentou catalogar os leitores.
Há os que lêem tudo o que lhes aconselham e os que fazem questão em se afastar de livros aconselhados; os que lêem os livros que lhes caem ao colo e os que caem ao colo dos livros; os que lêem apenas em modo literário, como poesia, ficção, ou ensaio, e há os omnívoros; aqueles que não deixam escapar nada que seja moderno e os que apenas lêem os clássicos; os que só lêem jornais e os que apenas lêem livros; mais recentemente, os que se limitam a ler nas redes sociais; os que compram apenas livros usados e os que não gostam de livros que considerem velhos; os que lêem tudo de fio a pavio, nomeadamente toda a “bula”, dos medicamentos à caixa de cereais, e os que não conseguem ler um livro sem lhe saltar algumas partes; os que lêem por prazer e os que o fazem por dever; os que vão logo saber o final e os que não querem saber como acaba; os que gostam de conhecer os autores e os que preferem ignorar tudo sobre quem escreveu; os que escrevem aos escritores, pedem-lhes autógrafos, inscrevem-se nas suas redes sociais e estão sempre presentes, e os que quando os encontram na rua fingem que não os conhecem; os que lêem literatura nacional e os que só querem literatura estrangeira; os que lêem em papel e os que só lêem em ecrã; os que acreditam em tudo o que lêem e os que os que lêem tudo aquilo em que acreditam; os que sublinham a tinta fluorescente e os que não suportam ver um ponto a lápis numa margem; os que só lêem os livros uma vez e os que gostam de reler; os que acham que o livro é sempre superior ao filme e os que só lêem o livro depois de terem visto o filme; os que cheiram os livros com prazer sensual e os que os tratam como se fossem IPad’s; os que pertencem a clubes de leitura e os que fazem da sua relação com o livro um acto solitário; os que forram as capas dos livros e os que as exibem; os que vão às bibliotecas e os que preferem e podem comprar os livros; os que gostam de ler durante a refeição e os que quando lêem não fazem mais nada; os que saltam da cama para o sofá com um livro e os que só retomam a leitura depois de todas as rotinas completas.
Finalmente, há os leitores que se encaixam numa destas categorias e os que, como alguns livros, são totalmente inclassificáveis. Esses são o desespero dos escritores que gostam de catalogar. Alguns escritores são eles próprios assim, enquanto leitores. Os seus livros dificilmente encaixam numa secção e as suas bibliotecas são um caos. Muitas vezes, diz quem sabe, reencarnam como livros.
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