2020-09-23



Risoleta C Pinto Pedro


Do Alentejo, com amor...



... e rigor. O rigor do sentimento.

Ultimamente, de Raquel Gonçalves, tenho lido menos, não que a produção tenha diminuído, pelo contrário, menos ainda por falta de interesse, mas por problemas meus com o tempo.

Entre o período em que a conheci na ficção e na divulgação científica e o momento actual, outro houve, intermédio, em que me deliciei com algumas biografias de cientistas de sua autoria.

O tempo em que lhe li a ficção foi mais ou menos contemporâneo, ou muito próximo, de um momento em que juntámos histórias e fizemos um livro onde os contos de uma e outra se entrelaçam como num romance. Realmente, num romance, apesar do título: Contos de Azul e Terra.

Recentemente, a sua escrita de novo chegou até mim através de duas antologias publicadas pela Colibri, em que participa. Li em primeiro lugar o seu conto na "Antologia, do Conto Alentejano", pela para mim óbvia razão que quem me conhece, alentejana apaixonada, compreenderá. Não tive, ainda, tempo para ler os restantes contos da referida antologia, por problemas, mais uma vez, de atropelamento do tempo.

O seu conto “Lua Nova” narra, não o Alentejo, mas algo muito mais subtil, que desafia a atenção, a imaginação e a perspicácia do leitor, uma história no Alentejo, contendo, embora, cruzamento de paisagens, onde o doméstico se cruza com o mar e o psicológico com o sociológico.

Entre o Verão e o Natal, entre a planície e o mar, os dramas de quem pode, a alegria simples dos que não têm. Uma história de sentimentos e da ausência deles, de desencontros e de desencantos, muito bem contada por uma das pessoas que conheço com o mais agudo e discreto poder de observação que tenho encontrado, uma ficcionista que é, também, cientista, o que não necessitamos de saber para o conto se dar a ler, e que é, acima de tudo, um ser humano de excelência.

Leitura que recomendo, pela síntese entre o Verão e o Inverno, a alegria e o inferno, pela não linearidade, pelo desafio à inteligência do leitor, pelo complexo tecido narrativo que favorece o alerta criativo.

Que melhor pode um leitor desejar de uma história?


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