Entre Livros       

Índice:

38 - EUROPA - ALEGRO PRODIGIOSO

37 - FEDERICO GARCÍA LORCA

36 - O PORTO CULTO

35 - IBSEN – Pelo TEP

34 - SUR LES TOITS DE PARIS

33 - UM DESESPERO MORTAL

32 - OS DA MINHA RUA

31 - ERAM CRAVOS, ERAM ROSAS

30 - MEDITAÇÕES METAPOETICAS

29 - AMÊNDOAS, DOCES, VENENOS

28 - NO DIA MUNDIAL DA POESIA

27 - METÁFORA EM CONTINUO

26 - ÁLVARO CUNHAL – OBRAS ESCOLHIDAS

25 - COLÓQUIO INTERNACIONAL. - A "EXCLUSÃO"

24 - As Palavras e os Dias

23 - OS GRANDES PORTUGUESES

22 - EXPRESSÕES DO CORPO

21 - O LEGADO DE MNEMOSINA

20 - Aqui se refere CONTOS DA IMAGEM

19 - FLAUSINO TORRES – Um Intelectual Antifascista

18 - A fidelidade do retrato

17 - Uma Leitura da Tradição

16 - Faz-te à Vida

15 - DE RIOS VELHOS E GUERRILHEIROS

14 - Cicerones de Universos, os Portugueses

13 - Agora que Falamos de Morrer

12 - A Última Campanha

11 - 0 simbolismo da água

10 - A Ronda da Noite

09 - MANDELA – O Retrato Autorizado

08 - As Pequenas Memórias

07 - Uma verdade inconveniente

06 - Ruralidade e memória

05 - Bibliomania

04 - Poemas do Calendário

03 - Apelos

02 - Jardim Lusíada

01 - Um Teatro de Papel


Entendo que todo o jornalismo tem de ser cultural, pois implica uma cultura cívica, a qual não evita que, na compulsão, quantas vezes da actualidade, se esqueçam as diferenças.

No jornalismo decididamente voltado para a área cultural, todos os acontecimentos são pseudoeventos, cruzando-se formas discursivas em que as micropráticas têm espaço de discussão.

Não sendo um género, o jornalismo cultural é contudo uma prática jornalística, havendo temas que podem ser focados numa perspectiva cultural especifica ou informativa, numa área não suficientemente rígida, embora de contornos definidos.

Assim o tenho vindo a praticar ao longo dos anos, quer na comunicação social quer, a partir de agora, neste espaço a convite da 'Unicepe'.

Leça da Palmeira, 23 de Setembro de 2006

        2006-12-23

Filomena Cabral

CICERONES DE UNIVERSOS, OS PORTUGUESES (*)




Quem não hesitará perante o labirinto da História, nem que seja para pensar ou repensar-se, ainda que com ironia, especialmente o escritor, ciente de que aquilo de que o tempo precisa é de eternidade; na inconsciência de ser o desdobramento da musa, nas suas manifestações épicas, o escritor de língua portuguesa tem abordado a epopeia lusitana que haveria de traçar destinos ligados, no devir, a Portugal, dando corpo a um mito do mundo moderno, a epopeia da portugalidade hoje em ruínas, e, sendo o narrador "aquele que recorda", tal infere mais fortemente para a memória da História em si mesma.

Determinado autor - qualquer autor - é susceptível de deixar-se seduzir pela musa da epopeia, Mnemosina, detém-se na encruzilhada de caminhos tentadores e assustadores, atendo-se à "memória da tradição em cadeia a atravessar gerações", as condições épicas e históricas a condicionar a "memória", memória múltipla, em muitas camadas, em muitos timbres, naipes, no sentido de harmonizar o tempo, tirando partido até de dissonâncias, de limites imprecisos, onde se ordenam as estruturas de toda a criatividade: o imaginário, cada vez mais ligado a situações estáticas, harmónicas ou simétricas, é base ou pedestal para as fruições, criações das épocas tidas como áureas, como na Grécia do séc. IV a.C., abrangendo conceitos de dissimetria, desarmonia, desritmia.



E se o tempo necessita de eternidade para inscrever a sua própria crónica, não é definitiva nunca a reflexão, a atitude, perante o tempo, e também será verdade que a Antiguidade Clássica, por não sentir a preocupação existencial da História, destaca zonas ou períodos privilegiados que seria útil conhecer, dando relevo aos mitos sagrados das origens ou aos episódios favoráveis à controvérsia política sobre as formas de governo ou ao engrandecimento moral. A Antiguidade Clássica não necessitava do contínuo - excepto em Roma, por escapar à influência helenística -, dos elos de uma cadeia a ligar o homem ao presente, desde a origem. Com o decorrer do tempo, começou a experimentar-se um sentimento de Piedade para com o passado, no sentido da recordação, de que não estavam desligadas a ilusão, a emotividade e a imprecisão, como um modo de memória colectiva, em relação a um outrora recuado, verificava-se um novo relacionamento com o tempo, atitude característica da Idade Média: a tradição, o costume, os usos; nem o helenismo nem mesmo a latinidade pensaram a história no sentido universal, juntando num mesmo "corpus" todos os tempos e todos os espaços, não havia a ideia de um parentesco profundo entre as histórias particulares, processo iniciado no séc. III, ainda cronologicamente sincronizadas, na tentativa de estabelecer concordância com a narrativa da Bíblia, acontecia como que um movimento de evangelização da História.

Os cronistas, durante muito tempo e já depois de São Jerónimo, Gregório de Tours, entre outros, elaboravam o resumo do registo histórico do cronista anterior, e ainda no séc. XII, Orderico Vital acrescentava as suas fontes: o homem do séc. XIII imagina Carlos Magno ou Alexandre com a aparência e a psicologia do tempo medievo, não existe a ideia de distinguir os trajes, como demonstra a arte do tempo, e não porque desconhecesse a existência da diferença, mas porque não via necessidade de explicitá-la, a solidariedade dos tempos preocupava mais que as diferenças - ainda uma herança de São Jerónimo na adopção da fórmula cronológica, dos conceitos filosóficos de Santo Agostinho. A preocupação de evidenciar o sentido da História continuará por muito tempo, viu-se ainda a Revolução Francesa como um instrumento de vingança divina, assim se politizava a História, tornava-se num arsenal de argumentos a favor e contra, a servir as discussões teóricas, e também é certo que a filosofia da História serve os desenvolvimentos oratórios; na Idade Média, a preocupação de seguir o rasto dos autores clássicos, por tal motivo, embora fossem sem dúvida bons observadores - as iluminuras, os poetas épicos provam-no. Não será menos verdadeiro que o sentido da História Universal teve a sua origem nessa época, altura em que - como destacou entre outros Valéry -, começou a haver consciência de que as civilizações são mortais, e de que outras nascem sobre as suas ruínas; começa a preservar-se o cálculo do tempo, ainda que por necessidades litúrgicas, como a de marcar com exactidão a data da Páscoa, o que levaria à confusão dos calendários, do calendário lunar dos judeus e do calendário Juliano, usado no ocidente. E terá sido precisamente pelo receio de erros de transmissão exacta dos textos sagrados, que vai assistir-se à reforma da escrita, com Carlos Magno, preservando assim a autenticidade daqueles. Subjaz a todos estes aspectos e a tantíssimos outros, o pavor do erro no cálculo do Tempo, ao calendário vai sendo acrescentado um inverno particularmente rigoroso, um acontecimento prodigioso, a morte de uma personagem importante, um acontecimento político, uma guerra, um eclipse solar, como o que terá ocorrido no ano de 787, "num domingo, no décimo-sexto dia das calendas de Outubro, pelas duas horas". Os anais monásticos, biografias de bispos ou de abades, panegíricos de fundadores vão substituindo o quadro da realeza; na indiferença pela História geral, começa a privilegiar-se o "fait-divers" de que é exemplo o assassínio do conde de Flandres, em 1127, descrito por Galberto. A historiografia deixa de interessar-se pelos acontecimentos ligados aos Grandes do mundo, a tradição familiar perde relevância, transita-se para um género novo - a epopeia, a alimentar-se dos conteúdos das canções de gesta, canções rústicas proibidas aos clérigos - a epopeia a opor-se à historiografia, a história substitui-se à fábula. As tradições dinásticas e históricas desaparecem da historiografia para se refugiarem nas baladas, nos cantos em língua vulgar dos jograis e por fim nos temas fixos das epopeias: é através destas que a História entra na literatura da língua falada, é pela fábula que a História passa a ser conhecida de todos. Aliás, como sublinhou Marc Bloch, durante a Idade Média assiste-se à confusão entre História e Epopeia, as canções de gesta consideradas como documentos autênticos, por esse motivo eram passados a prosa textos compostos em alexandrinos, a versões abreviadas, "sinopses", como a gesta de Gérart de Roussillon, ainda editada no séc. XVIII. A História, como a epopeia, sofreu a influência de valores sentimentais cultivados na sociedade cavalheiresca; a fidelidade e a honra a conferir à História uma certa nostalgia de um passado, ainda em afirmação de fidelidade. A História herda assim naturalmente fidelidades perdidas e conserva-as num mundo em que quase perderam o sentido.



Terá sido para servir a inscrição da História que o homem medieval envereda pela errância, ainda que a viagem tivesse sido incentivada pelo culto medievo das relíquias e dos Santos, levando a que se ultrapassassem fronteiras geográficas e pessoais, a que se penetrasse no mundo desconhecido, o testemunho dos que partiam aguardado pelos que ficavam; nas informações sobre a viagem ir-se-ia estruturando a importância dada ao relato, a incluir vivências, aventuras do peregrino, o Relato de Peregrinação de Frei Pantaleão de Aveiro à Terra Santa, um dos mais pormenorizados, escrito embora já no séc. XVI, relato esse em que, a exemplo de outros, a personalidade do autor sobressai, embora todos eles tivessem esquemas fixos de referências: a transfiguração face ao local de culto, antecedida pela emoção perante uma paisagem nova, a visão de outros homens, o encontro com outras culturas, o eventual enriquecimento da imaginação com um acontecimento maravilhoso. Frei Pantaleão desliga-se dos arquétipos de outros relatos de espanhóis e portugueses, nas suas descrições de Veneza, que teve ao longo do séc. XIII, como sabemos, prioridade no transporte de peregrinos, num quadro que se alargava ao comércio e à navegação no Mediterrâneo Oriental, a consolidar-se nos sécs. XIV e XV, sendo que os peregrinos poderiam embarcar nas galés dos mercadores, as autoridades impondo até um período de espera, tendo em vista o seu reembarque após a visita aos Lugares de Culto.

Precisamente durante as peregrinações começou a tomar-se consciência de que a "língua é um traço de diferença entre os homens", tal como os seus costumes: durante a viagem poder-se-ia conferir memórias onde se cruzavam a história, a lenda, informação geográfica, acontecimentos extraordinários como o que dá substância ao relato de Frei Pantaleão sobre o naufrágio de determinada barca de origem misteriosa, a "quirina, ida de Alexandria com muita riqueza... e porque a nau fora feita com muito suor dos pobres - elucida o narrador - por castigo atinge-a um raio, que a naufraga", conclui, num relato em que a reflexão e o comentário fazem passar um aprendizado que nada terá a ver já com o saber tradicional, evidenciando ainda contraste da cultura ou culturas europeias com outras culturas dos diversos locais de peregrinação. O "real" vai urgindo, através da pena de quem escreve, identificando-se esse alguém com experiências diversas, como aconteceu com Pêro Magalhães de Gândavo, que, em 1576, veria editado pelo mesmo editor d'"Os Lusíadas", António Gonçalves, a "História da Província de Santa Cruz" traduzida para castelhano, francês e inglês, onde se analisava a terra e as gentes do Brasil: foi a primeira descrição histórico-geográfica impressa em Portugal inteiramente dedicada ao Brasil, texto esse que era por sua vez um produto da elaboração da redacção do "Tratado da Terra do Brasil", dedicado ao cardeal D. Henrique e somente publicado em 1826, e do "Tratado da Província do Brasil", dedicado à Regente D. Catarina, inédito até 1965.

Curiosamente, deste Pero Magalhães de Gândavo, o mesmo António Gonçalves publicou "Regras que ensinam a Maneira de Escrever e Ortografia da Língua Portuguesa", em volume dedicado a D. Sebastião, manual cujo objectivo era o de estabelecer regras básicas de normalização ortográfica com vista à normalização da escrita, no que estava implícito a defesa da língua portuguesa, numa época em que esta era muitas vezes preterida pelo castelhano, mais utilizado na corte, ou pelo latim, língua de cultura, universal, o que terá levado o autor a diferenciar o português do castelhano, conferindo-lhe autonomia, aproximando o nosso idioma do latim, dando-lhe o estatuto de língua românica, até então atribuído ao castelhano, francês e italiano. A língua portuguesa, descendente directa do latim assumia identidade própria como "marca política".

A defesa da língua pátria, como reduto da identidade cultural, tendo sido embora partilhada por muitos outros autores, entre eles João de Barros, teve em Gândavo aspectos diferentes pela argumentação linguística como factor de instrumentalização política, daí que tenha sido a sua obra particularmente censurada, no período filipino, aquando da 2ª edição. Também na "História da Província de Santa Cruz" há o claro propósito de fazer com que os portugueses utilizassem uma linguagem correcta, mas simples, que levariam para as riquezas do novo mundo. (Sabe-se Gãndavo natural de Braga onde abriu uma escola pública de Gramática e Latim, desconhecendo-se embora a sua formação académica, tendo-se a certeza de que era um conhecedor da obra de humanistas portugueses: cita Sá de Miranda, João de Barros, António Ferreira. Diogo Bernardes, entre outros, com destaque para Camões. Mais tarde (1576), seria nomeado para o cargo de Provedor da Fazenda Real, no Brasil, onde já vivera anteriormente. No regresso foi nomeado copista da Torre do Tombo).

A "História da Província de Santa Cruz", a ela voltamos, é um dos registos da Expansão editado no próprio tempo, pormenor não desprezível, ao contrário da "Carta do Achado do Brasil" que somente seria publicada em 1817, pelo padre Aires do Casal, tendo sido a partir daí aproveitada por diversos estudiosos, António Baião, João Ribeiro, Carolina Michaëllis. Em 1943 é publicada em versão integral por Jaime Cortesão, e incluída na crónica ou literatura de viagens. Considerada a certidão de nascimento do Brasil tem servido de sugestão temática na literatura brasileira. Como é dito na "História Concisa da Literatura Brasileira", a carta foi retomada no modernismo, em forma de paródia por Oswald de Andrade e Murilo Mendes, entre outros, e mais recentemente por Sílvio de Castro em "Memorial do Paraíso". Quando da publicação de Gãndavo, os interesses económicos e políticos dos portugueses deslocavam-se já da Índia para a América, e até porque convinha fixar em texto a história de um conhecimento de facto, com os mercadores franceses como ameaça permanente, numa altura em que havia mais de meio século os portugueses haviam desembarcado nas praias de Santa Cruz. Terá sido a produção de açúcar a fazer com que os portugueses emendassem a mão, passando a dar atenção ao Brasil: até ali as riquezas descobertas no Oriente tinham-nos deslumbrado, tal o esplendor.

No "Tratado", Gãndavo dá conta das possibilidades imensas brasileiras, refere o clima, a fertilidade da terra, a mão-de-obra acessível (digamos assim), um subsolo riquíssimo, isto a par da descrição de um lugar paradisíaco, terra "salutífera e livre de enfermidades", "mui deliciosa e fresca", de "preciosas ribeiras"; menciona frutos de "diferentes castas", animais, descreve a magnificência das aves, "saboroso e sadio pescado". Continuava-se a mitificação de um lugar: ao desvanecimento de Pêro Vaz de Caminha, na Carta de 1 de Maio de 1500, juntava-se o pragmatismo de Gândavo, este deambula pelo paraíso brasileiro, é certo, no entanto ao mencionar a divisão administrativa a sua atenção incide nas áreas mais desenvolvidas, e refere muitas vezes a excelência de alguns produtos comparando-os ao "pão fresco do reino de Portugal". Os odores, as plantas, os frutos, etc. seriam aspectos retomados por autores do final do séc. XVI, Soares de Sousa e Fernando Cardim, Manuel da Nóbrega e Anchieta. Foi Gãndavo a fazer a primeira referência ao pau-brasil, a chamar a atenção para o algodão, na capitania de Pernambuco e na Bahia. Magalhães Gãndavo avisa dos animais "feros e venenosos", compara as cutias às lebres, os tatus aos leitões, etc., elaborando uma caricatura do Brasil, sem esquecer a "hipupeara", o monstro marinho designado pelos índios, e incluía gravuras: por que não acreditar nos monstros - fazia ressaltar - "se os segredos da natureza não foram revelados todos ao homem", etc., etc.; e concluía que "tudo se pode crer por difícil que pareça".



A realidade humana brasileira que a obra de Gândavo reflecte é o oposto da cultura europeia, dedica especial atenção aos índios, e será neste aspecto que a sua opinião ou esclarecimento difere do relato do encontro deslumbrado referido na carta de Pêro Vaz de Caminha, porque para Gândavo era gente sem "fé" que não acreditava que depois da morte haveria "glória para os bons e pena para os maus", não lhes negando no entanto a coragem, o seu desprezo pela morte, embora criticasse os excessos, entre os quais o da credulidade excessiva, por acreditarem em tudo, por impossível que fosse, e o da sensualidade. Interessavam ao índio a "imortalidade e descanço perpétuo", daí que mudassem constantemente de lugar, partilhando todos os bens e desprezando a riqueza, "livres de toda a cobiça", nem davam valor ao ouro nem à prata, às pedras preciosas, ao contrário dos Europeus. Criticava-lhes ainda a poligamia, a igualdade, "porque todos são iguais" vivendo sem pompas, e por fim a antropofagia, sendo neste aspecto que surge a marca de distanciação em face de uma civilização europeia, perspectiva que viria a justificar a intervenção dos padres da Companhia de Jesus, os únicos que Gândavo refere, na tentativa de cristianizá-los, etc..



0 que de facto distinguia o texto de Gândavo era já uma dimensão psíquica a balizar o paralelo estabelecido entre as culturas, a escrita como forma de fazer prevalecer o contacto com o novo, aliás o autor avisa no Prólogo que a sua obra é "vida da memória e a memória uma semelhança da imortalidade". Por não ter ficado preso ao mundo clássico, antes estabelecendo diálogo com o mundo moderno, emparceira com Duarte Pacheco Pereira, Garcia de Orta, Amato Lusitano, entre nomes de Quinhentos, pela valorização da experiência, da observação. Sempre atento à realidade portuguesa, as suas descrições incitavam, faziam com que aumentasse o interesse pela rota do Brasil, alertando para uma nova maneira de ver e compreender o mundo, o novo a motivar emoção exacerbada, pela sobreposição de horizontes. Daria continuidade, a par de outros cronistas e dos épicos, ao incêndio do imaginário, inaugurava-se uma "poética do ver", de que penso seremos os precursores, pelos novos horizontes revelados.



Os referidos horizontes sobrepostos não contribuíam contudo para a diluição de um mundo europeísta, havia os ferozmente desconfiados das "novidades de além-fronteiras", caso de Damião de Góis, no séc. XVI, que escreveu toda a história do seu tempo. Amigo de Erasmo, defendia o Amor, o entendimento, a solidariedade, daí o carácter subversivo deste herói do civismo, que dizia ser necessário achar um mundo em que houvesse lugar para todos os homens. "O primeiro cidadão da Europa" acabou por ser perseguido até à morte, terá sido, segundo Jacinto do Prado Coelho, o primeiro exemplo de um "espírito europeísta" que viria a ter eco somente nas Conferências do Casino de 1871, de que Eça de Queiroz foi um dos organizadores e propulsores, como é sabido, no papel exercido pela "Seara Nova", e, finalmente, na oposição entre Fernando Pessoa e a Renascença Portuguesa.



É em processos como este, pela abordagem de intercâmbios internacionais, visando a psicologia dos povos, a constituição de mitos, sempre de géneros novos, o pensamento do escritor a renovar-se, que as ideias-força de uma literatura, qual gráfico, vão sendo traçadas, desenhando um outro mapa, um diferente achamento do tesouro, observando-se hoje metodologias mais reflectidas, a 'imagologia' sujeita ao perigo da multiplicação de descrições puras, a forma sempre diferente, apesar de atitudes idênticas, de fazer a "leitura do outro", sem esquecermos que o "olhar literário" do viajante culto ou do escritor, dali a um século, no séc. XVIII, sobre Portugal, perspectivava o português como a "imagem do outro", um intermediário, como convém a um guardador de mistérios, horrores e maravilhas: os portugueses haviam passado a ser cicerones de universos, facto que, como especifica Pageaux, implica ter em conta para além dos textos literários, as suas condições de produção e difusão, todo o material cultural utilizado na referida produção, pois com ele "se escreveu, pensou, viveu (...) tendendo a imagem a ser um revelador dos fundamentos de uma ideologia (racismo, exotismo...)". E destaca que "a imagem do estrangeiro deve ser estudada como parte de um conjunto vasto e complexo: o imaginário, um imaginário social, pela presença do outro". Explicita ainda o lusófilo que "toda a imagem procede a uma tomada de consciência, do Eu em relação ao Outro, de um Aqui e um Lá". A imagem, expressão literária ou não, é o afastamento entre duas ordens de realidade cultural, imagem através da qual o indivíduo ou o grupo reflectem um espaço cultural e ideológico em que se situam.



A interpretação de novos hábitos derivava de um "olhar" e da produção de um texto, sempre dependente de um acto "deliberado" de relatar a "verdade", o "facto", dando provas os cronistas das terras achadas, da preocupação de que ficasse subentendido que não exageravam, invocavam-se testemunhos de terceiros, tentava-se a coerência discursiva, já na época eram postos em causa os direitos dos europeus sobre as novas terras, daí que houvesse uma mensagem subliminar em tais relatos para que se convencessem os empreendedores de que valeria muito a pena o investimento em tais terras, invocado até o nome de Deus: o achador seria um predestinado da vontade divina.

Deus está presente em toda a Carta de Pêro Vaz de Caminha, embora se pretendesse marcar temporalmente o texto, os actos religiosos situavam as acções. No entanto, as alusões a Deus são aproximações à Alteza do Rei de Portugal, embraiadores retóricos, induzem a conversão dos gentios, pois seria "gente boa e de boa simplicidade". Diante da aparente ausência de riquezas na terra achada de Santa Cruz, a evangelização seria "o melhor fruto que dela se poderia tirar", continuo a citar Caminha, que interpretava os factos segundo as suas necessidades e desejos, o que estaria para além da mentalidade da época. Caminha relativizava, atitude diversa da de Colombo que, convencido que aportara à China, começa a duvidar seriamente da eficácia dos intérpretes. Caminha testemunha a docilidade das gentes encontradas, responsabilizando os Portugueses por "qualquer cunho que lhes quiserem dar", interpretando as dificuldades do "outro" que descreve, à luz das dificuldades dos Europeus, pelo que apesar de uma língua incompreensível, verifica-se um trabalho de descodificação, no sentido de serem criadas novas formas de comunicação: uma das funções da ficção é a tradução em termos do saber, e, no caso do escrivão de Pedro Alvares Cabral, a oralidade impregna o texto, ele descreve 'em presença' do interlocutor um género epistolar em que a resposta do interlocutor é antecipada, e assim induz fortemente da verdade do que descreve e da confiança de quem o escuta. Pêro Vaz de Caminha, astutamente, vai criticando as atitudes dos colonizadores em relação a terras anteriormente descobertas, dai entender que, em relação às terras de Vera Cruz, muito iria depender dos portugueses que lá aportassem. As visões do mundo americano de Caminha e Colombo são diferentes: um descreve fielmente o que vê, o outro descreve o que gostaria de ver, o que Marco Polo teria visto...

Num processo estimulante - a remeter para a especulação necessária à elaboração de qualquer texto -, enquanto iam antecipando os cronistas o acto civilizacional europeu em relação aos achamentos, acontecia em Portugal, como referi já, uma atitude critica em relação a tais viagens - ainda que como tema de acção dramática -, e creio virá a propósito mencionar Gil Vicente, que em premonição crítica avisava da perda de valores tradicionais em Portugal, por efeito de envolvimentos económicos que levariam a uma modificação de mentalidade, de que a "Farsa dos Almocreves" será exemplo, motivada na viagem: qualquer viagem acontece em vários níveis, o que não arreda de uma rede de significações alegórico-celebrativas, pela harmonização cósmica que pode até passar pela transformação zoomórfica, nas "Cortes de Júpiter". Entre a Sátira e o Lirismo, entra a ausência de heróis, pela farsa, e a comédia alegórica e romanesca, desenha-se a rota de uma viagem rearmonizadora, a Providência e o destino-história das nações, de que a "Nau de Amores" parece dar testemunho. Com Gil Vicente o homem torna-se espectador de si mesmo, olha-se de fora, auto-critica-se, tem sobretudo consciência do efémero, com a função moralizante de levar o homem a refrear os impulsos da sua natureza, num processo de aperfeiçoamento interior regido pela Vontade, pelo Entendimento pela Memória, como aconselhava Santo Agostinho. E depois, a viagem implica deslocação nos dois sentidos, pode repetir-se enquanto os pontos que concretizam a partida e a chegada existirem, e isto pode ser verbalizado até ao infinito quando se viaja na ficção: a paródia, a ironia, o maravilhoso, a inversão, no sentido de Bakhtine, para que o incurso tradicional se subverta, pondo em questão os mitos da História, abalando a História dita oficial.



E continuo este texto híbrido, utilizando "possibilidades plásticas", ainda segundo Bakhtine, viagens a romper as fronteiras do passado e do futuro: a viagem é sempre uma busca de que não andam muito afastados, para além da Mensagem, de Pessoa, a História do Futuro, de Vieira, as Profecias, de Bandarra, Pêro Vaz de Caminha e Colombo como porta-vozes de um iberismo, lá muito para a frente, em relação aos idos de 500. As suas vozes contribuíam já para o conceito do "Homo hispanicus", a opinião pública francesa confundia as colonizações portuguesa e espanhola. Surge então na cena política portuguesa alguem com a dimensão do mito: o Marquês de Pombal, de tal forma grande que era visível de França, de onde era lançado um olhar que trespassava os Pirinéus, planava por Espanha, acabava detendo-se, reverente, diante do marquês, que distraía a atenção até aí atraída pelas fogueiras da Inquisição, e também porque a figura do governante português iria ao encontro de determinada ideia de Europa perfilhada por pensadores franceses. E assim nos tornamos nos guias dos franceses pelas veredas do maravilhoso ligado ao incognoscível, ainda que as de África. Sade faz chegar os seus heróis a espaços onde "os portugueses não haviam penetrado, apesar do desejo que tinham de apoderar-se deles", sendo embora português o único branco surgido na narrativa, no momento da chegada; Sade apressava-se a avisar os leitores que o que iriam encontrar poderia não ser muito conveniente, "revelava meramente para avisar, os cronistas não tinham descrito o que deviam". E vai traçando o perfil do português: cruel, despótico, para além de dedicar-se a práticas sexuais aberrantes teria poder de vida e de morte sobre os súbditos, o português gostaria sim do serralho pois, nas paragens de África recriadas pelo "discípulo assassino" de Rousseau, como se definia o próprio, procedendo à inversão irónica dos valores do séc. das Luzes: o culto da Natureza, o direito da felicidade (a qualquer preço), a sensualidade vista como um alimento do intelecto, pela escala de sensações. Assim associava Sade os portugueses às suas teses do poder estruturado na fruição, e, deslocando o espaço da narrativa para "um mundo hipotético", evitava que o autor ficasse vinculado à verdade histórica; para um espaço hipotético, uma acção hipotética, estratégias de todos os narradores, afinal; o português criado por Sade na sua "Aline...", chama-se Sarmiento, o que nos arreda um pouco, um quase nada, embora a ironia de Sade acabe por projectar-se numa outra figura de português encontrado no Egipto, cavalheiro irrepreensível, por oposição à libertinagem; mas, como nós portugueses somos lúcidos e racionais - e quem o afirma é o próprio Sade - acaba por surgir um comandante em Tete, Moçambique, com preferência pela libertinagem descontraída, quiçá o alter-ego deste autor com uma influência subterrânea nos autores do séc. XIX. Enfim, segundo Sade, os portugueses estariam fadados para a expansão, impossível de igualar por qualquer potência europeia, por desconhecerem barreiras afectivas ou pragmáticas.

Por esta altura, já a imagem do "divino marquês" - refiro-me a Pombal - a recuperação do Portugal pós-filipino interessava personalidades intelectuais mais bem informadas, o próprio terramoto de Lisboa, originado no mesmo fenómeno tectónico do de Cádis, rivalizava na atenção concedida pelos franceses à catástrofe, os intelectuais, como Voltaire, encontravam em Pombal uma variante distinta do homem hispânico. Até que Verne, enterrado já o polémico marquês - refiro-me a Sade -, decida juntar na mesma carruagem um americano, um francês, um português e um indígena camaronense. Repara então Verne que o português não fala a língua francesa, e que as categorias são observadas: Urdax - o português - não tem direito ao tratamento de senhoria, naquele compartimento somente o americano e o inglês seriam cultos, aliás o português, um caçador, é dado como "traficante", coincidindo esta imagem do português com outras divulgadas por Verne, para o qual seriamos tão só comerciantes dedicados à escravatura, mas, por sorte, surge Haggard, com as "Minas do Rei Salomão", e então aí estamos no nosso melhor: fantasmagorias remetidas para o maravilhoso, famintos, pobres, vagueamos em demanda da glória do passado, atravessamos o deserto metafórico do que havíamos descoberto, como pioneiros, e nele encerrados para sempre. Era verdade que tínhamos traçado mapas do ignoto e encontrado tesouros, mas certo seria que não soubéramos aproveitá-los. Utilizando a tradução de Eça de Queirós, concluímos que Haggard opõe assim aos "diabos portugueses" a figura de "um homem muito alto e muito magro, de belos olhos negros, os bigodes já grisalhos (...) e umas maneiras graves que me fizeram pensar nos velhos fidalgos que aqui viveram há séculos e de que tanto se lê nas histórias". Tal esquisso de fidalgo português, a que Haggard chamou João Silvestre, é renomeado aquando da tradução por Eça, transformado num Silveira refugiado político de Lisboa, já lá iriam trezentos anos.




Enfim, quase termino este texto errante, pela insatisfação criadora, sobrepondo assim a migração do ser humano, um migrador, um insatisfeito, à encenação da semelhança fundamentada na criação de imagens, a metáfora evidente da viagem é a vida, os textos e as viagens têm espaços a vencer, encontros, erros de rota e até naufrágios, o registo fantasmagórico do conto tradicional português remete para um desejo de aventura, comum ao homem de todos os tempos; afinal, como define Blanchot, "a pátria do errante não é a verdade, mas o exílio, ele permanece de fora, separado (...) Parte, chega (...) o migrador aquele que como os sacerdotes de Dionísos, erra de país em país na noite sagrada", os portugueses fiéis a um "panteísmo difuso" inerente às descrições da floresta eloquente, a gigantesca Amazónia a dialogar tantas vezes de forma assustadora, com Alberto Rangel, Ferreira de Castro, obcecado com o "inferno verde", a floresta virgem vista como um monstro lendário, com mil olhos ameaçadores: no seu gigantismo, a sugestão de um encerramento mais intenso a implicar a incursão, a profanação, o interdito. Para Ferreira de Castro, a floresta é vingativa, e todas as que viesse a encontrar o escritor português/brasileiro seriam sempre a representação fantasmagórica da Amazónia, ainda que situadas no Bornéu, os silvícolas seriam os Paratintins: os sonhos e os pesadelos repetem-se para que se possa acordar. Quatro séculos depois de Gândavo, também Ferreira de Castro haveria de despertar simpatia pela "plantação", ambos possuídos pela emoção perante o Brasil (quem não há-de...). Quanto a Blaise Cendrars, a propósito do escritor português que personifica o humanismo luso-tropical, comentaria com alguma perplexidade: "percorremos os mesmos mares, desembarcámos nos mesmos portos (...) e no entanto o mundo de que me falava era tão diferente do que eu tinha visto. Escutando-o, a sensação de regressar a um lugar modificado durante a minha ausência". E acrescentava ser a língua portuguesa a mais voluptuosa da Europa; Cendrars viu sempre no Brasil um Brasil outro que não seria o de Castro; pelo seu lado, Pêro Vaz de Caminha, segundo um olhar de Gilberto Freyre, viu a realidade brasileira da época com uma abertura direccionada para futuro, teorizava em sociologia aquilo que Ferreira de Castro haveria de exprimir literariamente, ambos demonstrando simpatia pelo herói anónimo, o amor do homem pelo seu semelhante, pela mulher, pela terra...



Pêro Vaz de Caminha, Gândavo, Castro olhando o Brasil souberem nele ver o futuro a que davam a forma do coração; Stephan Zweig, tal como Gilberto Freyre, defendia que o Brasil teria contribuído também para idealizar Portugal que, por sua vez, via o Brasil integrado num Trópico messiânico, dando continuidade a uma corrente messiânica visionária restrita a Portugal e ao Brasil de que será exemplo o brilhantismo do Padre António Vieira.

Passados cinco séculos sobre o achamento do Brasil, todos estaremos de acordo com Bastide que, em 1961, sublinhava o "furor genesíaco dos portugueses" na conquista e povoamento do Brasil. Desde a Carta de Pêro Vaz, os portugueses mostram-se como predestinados a celebrar o interdito, ao mesmo tempo pagão e tropicalista: com a "ilha dos amores", imaginada por Camões, fundamenta-se uma "filosofia da fraternidade", num processo de osmose do velho mundo, a Europa, com o novo, Brasil, a América, processo entreaberto por Vasco da Gama.



Os escritores de língua portuguesa encontrarão nas suas produções traços dos seus ancestrais, a que acrescento Fernão Mendes Pinto, eles iniciaram uma aventura intelectual formidável, a "cordialidade" a substituir a "aventura sanguinária". No entanto, há uma fractura que a própria história contempla: a do processo democrático iniciado em Portugal, em 1974; o messianismo deixa de ser sebastianista, passa a ser o da liberdade, superior, triunfante, onde pontifica um certo angelismo, o de Walter Benjamim e de Klee, se assim o desejarmos, de Rilke, ainda.

Apesar de tudo isto e de termos chegado ao final do século XX, a visão do Brasil ligada aos Paratintins persiste porque é uma imagem bela e poética que fez o imaginário luso-tropical, suportado pelas culturas lusitana, brasileira, africana e oriental. Persiste algo de difuso e mágico que emerge nas obras dos autores de língua portuguesa, que a distância vai perspectivando diferentemente e que nada terá a ver com um colonialismo decadente da década de 60, magia essa metamorfoseada nas obras de escritores africanos; a estrada, a vereda tropical é larga: Craveirinha, Pepetela, Luandino, Mia Couto, alquimista. As utopias antigas estão tão longe que deram o lugar do pesadelo às modernas: os erros são limitados, por muitos que sejam, mas a aventura portuguesa, essa, foi original na encenação. Sem qualquer dúvida, e pondo de lado, se tal fosse possível, factos históricos, talvez tenham sido os portugueses os inauguradores de uma "poética do olhar" que iria contribuir para que uma "imaginária flamejante" alterasse a rota dos próprios astros, o planeta Terra errava e nós por ele, assim haveriam de criar-se pontes indestrutíveis, entre os povos.





Com Gândavo - a ele volto - a consciência de que a defesa da língua portuguesa resguardava um reduto de identidade nacional, a argumentação linguistica como factor de instrumentalização política, numa estratégia espantosamente actual: a Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa, o espaço magnifico de gentes generosas que continuam a deslocar-se pelos mais belos lugares do mundo, os seus países, já deu provas de que o "império" de língua portuguesa existe, há elos que o homem une que nem os deuses desuniriam, nenhum lusófono quererá embarcar na nau de Caronte, a caminho de uma memória morta.



Os portugueses, errantes, cavaleiros, vilões, fosseiros, demónios guerreiros, santos, inquisidores, pregadores, cronistas, ou pura e simplesmente, homens e mulheres, transformaram lugares, misturaram culturas, assimilaram, fiéis a um processo de devoração a que leva o desejo exacerbado, souberam aceitar o outro, na maior parte das vezes com uma parcela de ingenuidade encantadora. A empurrar as caravelas iam os ventos, as tempestades, as brisas, e também as sereias por excelência, as das ideias que, a partir do séc. XVIII, haveriam de exacerbar a metamorfose. Seriam elas, as sedutoras ideias que iriam fazer-nos regressar à ponta mais ocidental da Europa, definitivamente. Mas, porque não são humanos, tais seres lendários, reservavam-nos as sereias uma grata surpresa: nem o poder transformador, avassalador, do pensamento dos homens, sempre em demanda do paraíso, consegue rasgar a teia que o coração foi tecendo, por isso temos a sorte, nós, os Portugueses, de ser ainda amados no Brasil, em África, em Timor, a irmã Galiza a reivindicar o seu lugar na genealogia da phala. Termino sobrepondo o meu deslumbramento pelo Brasil, tantas vezes manifestado, às palavras de Pêro Vaz de Caminha, o primeiro que se comoveu com a beleza ímpar das Terras de Santa Cruz. Utilizando as suas palavras, desculpo-me, "se algum pouco me alonguei, perdoem-me, pois o desejo que tinha de vos dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo".



(*) Comunicação lida em 1998-09-18, no Auditório da Biblioteca Mário de Andrade, em S.Paulo
, no âmbito das comemorações da Descoberta do Brasil.
Constituição da mesa: Pres. M.ª. Aparecida Santilli (Ensaísta FFCHL-USP);
Benjamim Abdala Júnior (FFCHL-USP), Laura Cavalcante Padilha (Ensaísta e Professora)
.


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