2014-05-21



Risoleta C Pinto Pedro


Ai!, saudade, saudade!...



O senhor presidente da Comissão Europeia andou por aí a fazer uma espécie de pré-propaganda sabe-se lá de quê, bom, o seu mandato está quase a terminar, daqui até ao final de 2014 é um pulinho, e o senhor é um homem prevenido, enfim, o que são oito meses ao pé da eternidade?, um piscar de olhos, e assim sendo começou a lembrar-se da terra, deu-lhe para a nostalgia, pegou na mala de cartão e foi até à sua antiga escola. Tão comovente. Aí disse várias coisas. Foi para isso mesmo que lá esteve. Para dizer coisas, quaisquer coisas ou umas coisas quaisquer. E disse. Bastou abrir a boca e deixar sair as banalidades congeladas. Ou empoeiradas. Mais empoeiradas, de facto.

Entre imensos sons que lhe saíram do orifício apesar de tudo apropriado ao ato fonológico, com um ar de absoluta revelação, como se tivesse acabado de sair de um encontro de totós e ainda se encontrasse sob a inspiração do ambiente, ou talvez comovido recordando algum discurso que terá feito então nos seus tempos de escola, na presença do papá e da mamã e do senhor reitor desse tempo, fonologicamente pronunciou-se e o que saiu foi tremendo. Tão tremendo que nem consigo repeti-lo com receio da fúria dos elementos. Percebeu-se no meio do tremendo ribombar de atrevimento e radical ousadia. que o ar de assumida coragem e espanto consigo mesmo denunciava, que se sentia saudoso da escola de antigamente, anterior à revolução. Sem pôr em causa os excelentes professores que sempre houve e também nessa altura, alguns eram tão bons que nem tinham autorização para ensinar, mas isso é outra história, eu desconfio que o senhor presidente daquela coisa, saudoso está, mas não só da escola…


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