2014-02-12



Risoleta C Pinto Pedro


A LITERATURA, OS CLÁSSICOS…



O que dizem de nós? Falam-nos de respeito, respeito, respeito. E da falta dele.

Num momento em que todos clamam pela Hora (Ó pessoa, perdoa-nos…), para uns a hora do sacrifício, para outros sabe-se lá de quê, sempre com outros nomes, sempre com outros nomes, eu vou observando o que se diz, o que se faz acerca de algo nem sempre compreendido e a maior parte das vezes maltratado, que é o que se faz com a nossa literatura, os nossos clássicos. Muito revelador.

Querem ser patriotas? Então não maltratem a literatura, “please”! Desculpem o anglicismo, mas já não sei o que dizer disto. Fomos assistindo às reformas que nos foram retirando clássicos dos programas, Gil Vicente, Garrett, etc. Com desgosto. O que é que esta gente pensa que é a literatura? Uma coisa de e para elites? Uma coisa cozinhada nos ministérios para fazer ou deixar de fazer parte dos programas? Não! A literatura nasce de insónias, de noites de amor, de manhãs de alegria, de muitos rios a correr, de naufrágios, traições e compaixões, isso que é a vida! Sabiam? Leram? Alguma vez escreveram? Ao menos, repito… leram?

Enfim, demorei a falar disto porque nem sei como fazê-lo sem ser… desagradável. Procurarei, pelo menos, não deixar de ser elegante.

Depois da tosquia dos clássicos em que os programas ficaram com um ar muito mais domesticado (sim, que isto de ler os clássicos não é para qualquer um, deve ter sido o pressuposto, os miúdos não “entendem”, os professores não sabem “ensiná-los”, etc, etc, Deus sabe o que vai naquelas cabeças), agora vem um ministro que tira e põe obras na prateleira do programa com a mesma ligeireza com que eu tiro e ponho produtos do supermercado no carrinho: sem ler os rótulos, só pelo aspeto, por aquilo que ouvi dizer deles, ponho e tiro, ponho e tiro, levo e devolvo, depois arrependo-me e vou outra vez buscar, uma loucura…

Como se não bastasse, dos lados da Associação dos Professores de Português (não acredito que seja a voz oficial da associação, mas uma voz que ia a passar por aqueles lados, prefiro assim, para meu conforto), uma voz de passagem vem dizer que os programas têm… literatura a mais!

Volta, Troika, estás perdoada. Está tudo dito. Os escritores que continuem a escrever. Os governos passam, os programas mudam, as associações associam-se, a literatura fica. A nossa cultura, esperemos, esperemos, também. Apesar do que lhe andam a fazer. Acredito que seja mais forte do que tudo isso.




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