2013-07-24



Risoleta C Pinto Pedro


Portugueses, brasileiros e o Tao

São, aparentemente, o oposto. Para os brasileiros está sempre tudo maravilhoso. Para os portugueses está sempre tudo péssimo.

Os olhares deformados pelo vício do sol, pelo vício da lua. Pelo samba e pelo fado.

Cada um destes povos representa a sombra do outro. É que a sombra é criada pelo sol, e também a lua vive da luz. Por isso, a alegria alienante e o pessimismo militante são espelhos para que cada um se veja.

Isso aconteceu muito claramente quando, após o 25 de Abril, com o Brasil aguardando ainda a sua festa política, Chico Buarque cantava “Sei que estás na festa, pá, fico contente, enquanto estou ausente guarde um cravo para mim.” Nesse momento foi muito visível que do lado de lá nem tudo era festa, que do lado de cá nem tudo era tristeza. Como no símbolo do Tao, onde a bolinha branca marca o centro do círculo preto e vice-versa.

Hoje é outro momento chave. Seria o nosso momento de cantarmos:

“Eu queria estar na festa, pá, com a tua gente e colher pessoalmente uma flor no teu jardim”.

Este é o momento de ver que do lado de lá nem tudo é alienação, que do lado de cá nem tudo é passividade.

Verdade?

“Sei que há léguas a nos separar, tanto mar, tanto mar…”

Mas também sei “… quanto é preciso, pá, navegar, navegar.”

Os barcos sozinhos só bóiam, derivam. Com a vontade humana orientada pelos valores mais altos do astrolábio, é possível navegar.

“Lá faz Primavera pá, cá estou doente, manda urgentemente algum cheirinho de alecrim.”!



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