Risoleta C Pinto Pedro

A propósito da resignação do Papa, falava um comentador, na televisão, acerca das religiões "sérias" onde incluía, claro, o catolicismo, o cristianismo ortodoxo, o islamismo, o judaísmo, o budismo, como exemplos de religiões às quais este Papa tentou uma aproximação.

Não vou comentar, embora considere da maior importância tudo o que tenha a ver com esbater muros e fronteiras.

E não tenho nenhuma objeção a nenhuma religião, "séria" ou não, embora todas me mereçam alguma simpatia, pelo menos na pureza dos princípios originais que as aproximam muito mais do que as distinguem. E confesso que o cristianismo, tal como o adivinho na vida de Cristo (muito mais do que nas palavras, eventualmente deturpadas) me merece uma particular simpatia, até porque faz parte da cultura em que cresci, ainda que não tendo tido educação religiosa.

Mas registei a atribuição do estatuto de seriedade, por exemplo, a uma religião que desenvolveu, no seu seio, a Inquisição, e mais recentemente descoberta, a pedofilia, a proibição do uso de preservativo, o não acesso das mulheres ao ministério, etc, etc, e alguns destes aspetos não são exclusivos do catolicismo...

Também aqui há alguma transversalidade, não por culpa da religião, mas pelo medo dos que delas se apoderaram.

Eu estaria calada acerca destas coisas, até porque consigo separar as religiões na sua dimensão mais tradicional e pura, da hierarquia e dos homens que a servem e das suas ligações aos poderes. Mas o epíteto de "sérias" tirou-me do sério.

Assim sendo, não me voltem a falar em religiões "sérias", que eu "passo-me"... poderão falar-me de princípios sérios, gente séria nas religiões, mas... religiões sérias? Qual é então o critério? A idade? O apoio dos governos? Uma história de malefícios? Um Papa? Ou a quantidade de papões? Quais são as que ficam de fora?



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