2012-11-14



Risoleta C Pinto Pedro


Bancarrota: uma lição de etimologia...

... e não só.

Diz o Dicionário da Origem das palavras, de Orlando Neves, que a palavra vem do italiano "bancarrota".

E cito, porque vale a pena:

"Tem uma história que começa em "banco", antigamente um móvel formado por uma tábua posta sobre quatro pés e que, então, tanto servia de mesa como de assento.

Na Idade Média firmou-se o que hoje conhecemos como "atividade bancária", embora anteriormente já houvesse estabelecimentos com idênticos fins. Foi na Itália, no tempo da Renascença, que tal atividade se desenvolveu enormemente, com incidência nas cidades de Veneza e Florença.

Desde os tempos medievais, os cambistas italianos guardavam o dinheiro no "banco" ou na "banca", quer dizer, na mesa atrás da qual se sentavam para comerciar o dinheiro. Daí serem chamados banchieri (banqueiros). Quando um desses banqueiros não solvia os seus compromissos, os prejudicados partiam-lhe a mesa, o "banco" (por vezes, os próprios banqueiros o faziam quando não podiam pagar as dívidas). É precisamente isso que a palavra significa: "banco roto" ou "bancarrota" (rotta em italiano quer dizer "rotura, quebra")".

Fim de citação.

As partes a "bold" são da minha responsabilidade pelas razões evidentes. Que longe estamos disto. Hoje, quando os banqueiros não solvem os seus "compromissos" (os banqueiros têm compromissos, sabiam? Ou será isto arqueologia... bancária?)o que é que acontece? Partem-lhes a mesa? Qual quê! Recordam-se de alguma história recente? Que consequências houve para os ditos banqueiros? Que aconteceu ao banco desses banqueiros? E aos prejudicados?

Hoje, quando um banqueiro não consegue honrar os seus compromissos arranjam-se outros prejudicados, e assim, se reparte o mal pelas aldeias. Uma nova versão de "solidariedade social".

Como será a etimologia desta palavra "bancarrota" daqui a uns anos, acrescentando à sua origem italiana a continuação da história na versão século XXI?

Se ainda os houver, que professor terá coragem para mostrar aos seus alunos a história desta palavra sem corar de indignação e vergonha?

São perguntas retóricas. Sei que não têm resposta.



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