Risoleta C Pinto Pedro
A ASTROLOGIA É COMO TUDO...
Tanto pode ser uma forma de profunda alienação e dependência, como um instrumento de libertação. As ferramentas são inocentes. Nós também. Mas o uso que lhes damos, não.
São conhecidas figuras públicas famosas que recorreram frequentemente à astrologia perante a dúvida e a indecisão.
A astrologia, como qualquer outra forma de conhecimento, tanto pode dar-nos como tirar-nos poder. Tira-nos poder tudo o que é exterior a nós e de que ficamos dependentes. A única dependência não letal é a que podemos criar em relação a nós mesmos.
Hoje, um bom astrólogo (e há vários... ) recusa-se a entrar neste tipo de jogo. E existem astrólogos a fazerem estudos históricos evolutivos da humanidade, nas tendências e constantes que se verificam em determinados momentos do caminho humano, relacionando isso com padrões iguais de trânsitos e aspetos planetários.
Vem isto a propósito das queixas que ouço constantemente à minha volta, sendo que eu própria me descuido, por vezes, por vício apenas, a soltar.
Independentemente da "coisa" geral", da crise, as pessoas queixam-se de uma crise pessoal, de uma espécie de "enguiço", afirmam que está tudo muito acelerado, que mal tempo para se recompor de uma prova e eis outra já aí à porta.
Não é enguiço. É um desafio. Estamos colocados perante uma escolha. Urano em Carneiro, dizem os astrólogos. E como dizem todos o mesmo, eu acredito. Não podem ser todos mentirosos.
Urano en Carneiro "pede-nos" (por enquanto só pede, porque qualquer dia, quem esteja mais renitente, vai ao empurrão, parece) para desenvolvermos a nossa auto-expressão, convida-nos (por enquanto, porque parece que daqui a uns tempos o "convite" pode tornar-se mais... "veemente") a libertarmo-nos de dependências (afetivas, emocionais, familiares, políticas, profissionais, estruturais), que desenvolvamos a nossa criatividade, que pensemos por nós e criemos a vida que queremos. É o paladino da liberdade, Urano. E está em Carneiro, que não é propriamente um modelo de paciência. A liberdade está no nosso futuro e já não pode esperar muito mais.
Tudo muito bonito. Nem seria uma escolha. É sedutor, o caminho.
O pior, é... Plutão em Capricórnio.
As velhas estruturas seguidistas, os velhos hábitos carreiristas, os velhos vícios de dependência e "segurança", a dizerem que daqui não saem, daqui ninguém os tira. E nós no meio. Ou melhor, ambos no meio de nós. Aquilo que se chama o conflito interior. Fico à velha sombra da velha parreira familiar, ou... sigo o meu trilho com todos os riscos que isso implica?
Se sigo o trilho, tudo pode acontecer, até aparecerem outros trilhos muito melhores e eu terei de estar constantemente a fazer escolhas. Se fico à sombra da velha parreira familiar, o mais certo é que mais cedo ou mais tarde, a estrutura da casa, que já é velha, não aguente tantos anos e lá se vai a sombra e... o resto. E lá tenho de, relutantemente, seguir o trilho. Mas não com a alegria de uma escolha. Com o peso de uma ausência dela.
É isto, mal contado, a luta entre Urano em Carneiro e Plutão em Capricórnio. É mesmo no meio deste perfil que nós nos encontramos. Temos escolha. Entre o passado e o futuro, entre a prisão e a liberdade. Não é fácil. Pois não.
Portanto, a escolha é, perante os desafios (e eles estão a chegar, quem ainda não os viu, há por aí alguém?, que ponha as barbas de molho), entre lamentarmo-nos ou fazermos alguma coisa com aquilo que tempos, com o que aprendemos, mais respostas pessoais (parece o discurso do Passos Coelho, mas não é, a diferença começa por ele ser o Primeiro Ministro e eu não).
Parece, diz quem estudou, que Urano passa em Carneiro cada 84 anos e Putão em Capricórnio uma vez em cada 240 anos. A fazerem quadratura ao outro, acontece uma vez em muitos milhares de anos. Pontaria! Acertámos na mouche. Estamos precisamente no ponto de charneira entre o poder estabelecido e as velhas estruturas mundiais autoritárias e caducas, regras obsoletas, por um lado, e por outro, um paradigma novo de liberdade, responsabilidade individual e coletiva, cooperação em vez de obediência, a criatividade individual e autonomia.
Estamos mesmo no meio disto. Azar. Ou privilégio?
A escolha é nossa.
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