Risoleta C Pinto Pedro

... daria para rir.

Aí está, nas escolas, a luta entre o velho e o novo paradigma.

Aparentemente estamos a retroceder. Mas só aparentemente. Isto é como nos organismos. Se se dá veneno durante muito tempo, sabe-se o que acontece. E isto é veneno puro. O estado totalitário e policial no seu auge. Não pode durar muito. O perigo é de morte.

O princípio é o seguinte: O cidadão, neste caso o examinando, é corrupto, por isso é preciso tomar medidas para se ter a certeza que não vai haver oportunidade de ele exercer o seu impulso natural. É precisamente o contrário da teoria do bom selvagem do Rousseau. No outro extremo.

Criam-se então medidas de controlo. Em pirâmide. Até à loucura. Porque o caminho do controlo não tem fim. É a sua natureza.

Evidentemente que ninguém, no seu perfeito juízo, contraria que é preciso definir algumas regras básicas num sistema de exames. Mas um sistema educativo cada vez mais cimentado no controlo que é o exame, onde as aprendizagens da parte do aluno enquanto ser humano e não uma máquina treinada para responder com sucesso a provas de exame, contam muito pouco, num sistema desses, eu compreendo que loucura atrai loucura.

Logo, em relação a regras básicas, estamos todos de acordo. Mas aproximamo-nos da loucura.

Até é difícil de descrever a rede de vigilância, as regas sobre regras, sobre regras, a angústia, para o professor não falhar nenhuma delas. É que são muitas. E esquisitas.

Algumas, pelo ridículo, são fáceis. Eu até sugeria: para facilitar a vida aos vigilantes, júris, comissariado de exames, etc, etc, criem mais regras assim, porque, se não pensarmos que é triste, acabamos por nos rir. E nenhum professor vai esquecer-se de retirar, à entrada da sala, o rótulo das garrafas de água que os alunos trazem. Essa ninguém vai falhar. É cómico demais.



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