Risoleta C Pinto Pedro
O TORNADO
Passou um tornado. Quase não se teria dado por ele, não fosse a intensidade.
São intensos, os tornados. Espero que não torne. Já chegou. Doeu, embora, dizemos nós, sempre prontos para a gratidão, o que não faz mal nenhum, pudesse ter sido pior. Não morreu ninguém. Bastaria isso para já ser caso de agradecimento. Quanto ao tornado, essa força da natureza, quem o mandou? A Divina Providência, como costuma dizer-se? Terá a Divina Providência uma agenda assim tão extraordinária? Não terá Ela tido uma mãozinha... uma ajudinha... humana? Não são já excessivos, para o que estávamos habituados, os acontecimentos extraordinários no planeta? O que teria assim contribuído para tais alterações na agenda da Divina Providência? Será de perguntar aos senhores que se reuniram em Quioto para tratar das alterações climáticas? Não será de perguntar aos outros, a todos os que contribuem, os que teimosa e egoistamente continuam a contribuir para elas? Quem devia pagar as telhas, os vidros? A Divina Providência, o Governo, a Câmara, a Junta, ou... os que continuam a contribuir para o aquecimento global?
Este tornado até pode estar inocente em relação a isso, até pode ter sido um dos tornados que nos estavam destinados desde o início dos tempos, antes do aquecimento global, mas não era nada previsível ver a arrumada e urbana vila, cidade, destelhadas, desatinadas, despenteadas, destemperadas, desarrumadas, desvidradas, desconsoladas, ao frio e à chuva, vulneráveis aos elementos.
Mas nem tudo foi mau. Havia, quem esteve atento podia senti-lo, uma energia de reconstrução, um movimento de ajuda e solidariedade que só uma coisa desarrumadora como um tornado consegue tornar assim evidente e transparente.
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