Risoleta C Pinto Pedro
A beleza do mundo
Está em toda a parte. Na auto-estrada, em dia de chuva intensa e vento quase ciclónico, acompanhou-me, a espaços, um sol disperso, lateral, intenso. De algumas árvores que não sei nomear, as folhas cansadas do Outono apresentam um dourado intenso que iludem o cinzento do caminho do dia e são como pequeninas gotas de sol penduradas de árvores fustigadas pelos elementos.
Não conheço maior brilho em dia de inverno, não conheço luzes mais reais que estas. Põem a um canto a mais deslumbrante árvore de Natal.
Na cidade, em dia de nevoeiro cerrado, contorno uma rotunda habitual do meu caminho e no meio dela, as senhoras vestidas de bruma erguem-se misteriosas e surpreendentes.São as árvores. Cristo, o artista plástico que costuma revestir com plásticos ou panos, grandes edifícios urbanos e até bosques inteiros, teria aqui sido antecipado pela névoa, suave e ténue cobertura ou lençol destas noivas de São… João. Em tempo de celebração de solstício e de Evangelista, o nevoeiro veste as árvores da rotunda como noivas e assim desvenda o mistério que o sol, com sua imensa radiação, não consegue.
No meio do maior nevoeiro, a beleza resplandece.
A cada um seu reino, a cada criador sua glória. Tudo é certo, justo e perfeito. E a beleza intacta. Para olhos a tal dispostos. Num Natal disperso pela estrada.
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