2009-09-02


Risoleta C Pinto Pedro


 SETEMBRO



No primeiro dia deste mês que já foi o sétimo e teve vinte e nove dias, e que hoje, há tantos séculos, por capricho de um imperador, passou a ser o nono (ou sete e mais dois, diriam alguns), sendo que para muitos é o primeiro mês de um ano, celebremos.

Esses, que como eu, e muitos de nós, vivem a dois ritmos, se não três: o do ano civil, o do ano lectivo, e, last but not least, o seu próprio ano, o da alma. Que pode ter tido início, para uns, no dia do nascimento, mas pode ter início também no dia da sua concepção, e também no dia de uma das muitas mortes, dos muitos renascimentos. E em todos esses diferentes anos que vivemos dentro de nós, há um Setembro. Quando a luz é mais dourada, quando as folhas nos voam sobre o cabelo, quando o sol se prepara para adormecer na pele, quando a saudade do fogo regressa, quando a semente se prepara para o recolher e o recordar, quando o cabelo nos abandona um pouco e ficamos mais vulneráveis e esperançosos, quando os frutos libertam um aroma de Paraíso, quando o olhar se adoça e fica levemente nostálgico de um céu futuro, presente oculto na semente do fruto a (re)colher.

Setembro é o mês do reencontro da fé no eterno retorno. Que não é a eterna partida. A partida talvez seja uma ilusão, o retorno é uma garantia.

Celebremos então esta certeza do retorno, do reencontro, de Setembro, o mês mestre que mostra como a ilusão se desfaz no caminho entre o sete e o nove, a contar da quinta estrela. Espaço e tempo, tudo é tão perto…

risoletapedro@netcabo.pt
http://risocordetejo.blogspot.com/



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