Risoleta Pinto Pedro

No século XX um artista plástico criou uma nova cor, abriu com ela uma lata de tinta, cobriu com ela uma tela e registou a patente.

É um azul novo, azul que não havia antes. Nem na terra, nem no inferno nem no céu.

Se eu quiser usar aquele azul tenho de pagar os direitos do azul. Que não é marinho, nem celeste, nem floral, nem imita nenhum olhar que se conheça até hoje.

Não sei se isso se aplica aos sonhos, ou se nestes tenho a liberdade de usar os azuis que quero.

Isto perturba-me.

Porque eu ando sempre a sonhar com extraordinárias cores, apenas não consigo encontrar as latas de tinta.

Se eu um dia sonhar com um azul igual ao da patente será que terei de pagar direitos de autor?

E se um dia eu conseguir criar as minhas tintas das cores dos sonhos serei milionária para sempre?

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