2008-03-19
QUARTA-CRESCENTE

Risoleta Pinto Pedro


Na Páscoa, a nostalgia do Paraíso


Helena e Eulália foram com as filhas ao circo. É um prazer que guardam dos natais antigos. Agora, as filhas já estão grandes e elas mais exigentes. Já não toleram o cativeiro dos animais, e querem um circo poético e liricamente irónico.

Foi na Páscoa. Viram um circo em que a água e o ar são os principais acrobatas. Um circo leve como pena e donde como pena e com pena se sai. Viram o circo como quem vê teatro, como quem ouve um poema, como quem assiste a um concerto, como quem vê um espectáculo de delicioso e inteligente humor. Subtil como um sonho. Simbólico como o inconsciente infantil. Foram com as filhas ao circo. As filhas já passam dos vinte anos. Helena e Eulália estão felizes por haver circos onde podem levar as suas filhas que já fizeram vinte anos. E com as filhas, a menina dentro delas que sobreviveu e está bem. E se recomenda.

O circo é a nostalgia do Paraíso. Ingénuo, como a ideia de Paraíso. Terreno, como o Paraíso. Real, como o Inferno, terreno, como o Inferno. Criado, como o Inferno e o Paraíso. Cada um escolhe o circo que quer, cada um escolhe o que cria: inferno ou paraíso. Agora Helena, Eulália e as filhas escolhem um circo do Paraíso: poético, irónico e sem cativeiro de animais ou outros. Um circo de um novo Tempo. Um circo de paraíso, ressurreições e ovos de ouro. Um circo de Páscoa. Deixada a Quaresma para trás.



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