2008-01-09
QUARTA-CRESCENTE
Risoleta Pinto Pedro


AMOR, EQUAÇÕES E POSTES

Falávamos sobre a possibilidade de dois seres se completarem. Helena afirmava:

- Não acredito nisso. Isso é que é o impossível. Dois seres que acreditam completar-se estão admitir a sua própria menoridade e incompletude, do conhecimento de si como fragmentos de coisa. De uma mentira.

- Então…

- Acredito que dois seres se complementem, o que faz toda a diferença…

- Como assim?

- Um ser íntegro mais um ser íntegro complementam-se. O completamento está ao nível da suficiência; a complementaridade ao nível da excelência.

E desenhou na areia uma misteriosíssima e complexa equação cuja fórmula não recordo, mas apenas o resultado, em que 1+1 era igual a infinito.

- Helena, bateste com a cabeça nalgum poste?

- Claro que sim! Logo à entrada da vida. Afinal, o que é a entrada na vida senão isso?! Levo de vantagem sobre ti que eu sei que bati com a cabeça num poste. v - Adiante. Explica-me isso.

- O quê?! Como é que se bate?

- Não! A fórmula…

- Como sabes, o todo é muito mais do que a soma das partes. É nisso que creio.

- Portanto… acreditas no impossível!

- Claro que não!

- E eu não entendo nada.

- É simples: não acredito na possibilidade do impossível, mas acredito na concretização dele.

E sorriu. E iluminou-se. Como uma explosão divina brilhou.


Eu… sonhei esta noite que batia com a cabeça num poste. E que reformulava e completava a equação de Helena. E que sorria.



risoletapedro@netcabo.pt
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