O ANO UM Helena tem algumas boas recordações da escola; não muitas, mas é essas que cultiva: a geometria, a escrita, a leitura, a música, o desenho e a ginástica. Também os bolos de fruta e o leite com chocolate que a mãe lhe levava no intervalo da manhã. Atrás da geometria veio a matemática e talvez a mania que lhe ficou de somar números onde quer que os encontre: desde as matrículas dos carros até aos anos. Com os noves de fora. Para esta pequena seguidora de Pitágoras ignorante de o ser (conhecia melhor Marx, de tanto ouvir o avô falar nele, e por isso acreditava e ainda acredita que devia ser boa pessoa; mais tarde Pitágoras viria a juntar-se a uma imensa lista de boas pessoas que tem vindo a crescer até conter toda a humanidade), a harmonia e o equilíbrio do universo já nesse tempo repousavam nos números e na geometria. Daí ter-se apercebido ser este ano novinho em folha o primeiro ano de qualquer coisa que acredita poder ser ela a decidir o que será. Não sabe nada de numerologia, mas gosta de sentir o que os números lhe dizem. E tem uma risonha e leve convicção de que estes serão uma linguagem a desenvolver para quando formos verdadeiramente humanos. Pelo meio, ainda a linguagem da poesia se estenderá a toda a humanidade e finalmente os números, os mais abstractos símbolos com aroma de forno de padaria cozendo bolos de frutas cristalizadas e mães com garrafas de leite com chocolate nas mãos. risoletapedro@netcabo.pt http://risocordetejo.blogspot.com/ |
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