Risoleta Pinto Pedro
A ALVA CLARIDADE DO MILAGRE
Há pessoas que já nascem abençoadas. Mas nem sempre a bênção é percebida como tal. Por vezes a bênção assume uma forma oculta, obscura, cifrada. Mesmo, ou sobretudo, no meio da maior claridade. Outras vezes é na maior escuridão que resplandece a luz.
Eu não acredito em bruxas, nem em mistérios, nas primeiras porque não me interessa esse tipo de poder que contam os contos, embora reconheça o imenso benefício que as narrativas transportam para as crianças, nos segundos porque acredito que o mistério é apenas o nome que damos ao que não compreendemos. Assim como os milagres, a coisa mais banal deste mundo. Acredito que quando compreendermos mesmo como funcionam, eles nos sairão das mãos como das árvores as folhas de Outono, como saíram ao Outro, e passarão a fazer parte do nosso dia-a-dia. E ficaremos surpreendidos quando tal não ocorrer.
Mas não foi o que aconteceu quando nasceu Thomas Edison. É assim que ele é conhecido.
Quando ele nasceu, acredito que terá sido olhado como qualquer outro bebé, como qualquer outro ser. Excepto para os pais. Mas eles apenas viram no bebé a “sua” luz. Não a luz do mundo. No outro dia fui confrontada com o seu nome completo. E fez-se-me luz. Thomas ALVA Edison! Com este nome, a criança estava condenada a trazer a claridade ao mundo. Pergunto-me: Qual teria sido a responsabilidade do nome na futura existência da criança? É evidente, claro como a luz, que este homem nasceu abençoado. E com ele o mundo. Eu acredito no esplendoroso poder nos nomes, digo do verbo, do sopro, da respiração. Na magia da palavra e na rotina dos milagres. Assim.
risoletapedro@netcabo.pt
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