2007-03-07
QUARTA-CRESCENTE
Risoleta Pinto Pedro


ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE A LIBERDADE (apenas para quem não souber responder)

A liberdade é, em primeiro lugar uma utopia, em segundo lugar uma fatalidade e em terceiro lugar uma ilusão. A ordem poderá não ser esta, e a realidade poderá também não ser assim. Porque esta é uma reflexão sobre a liberdade, é liberdade minha falar livremente sobre a liberdade, respeitando a vossa liberdade de discordarem totalmente do que eu aqui disser, sem que isso abale, mas pelo contrário, reforce, o meu sentimento de liberdade, porque é indo ao encontro da vossa liberdade que eu serei livre.

Como todos os conceitos, pode ser interpretado de muitas maneiras, sendo que este é particularmente escorregadio, como sempre acontece quando falamos de valores, e, no caso, visto tratar-se de um valor que está, ou deveria estar acima de qualquer dogma, com excepção de um valor a que poderemos chamar respeito. Que não deve ser confundido com medo, mas às vezes o é.

Não há definição objectiva de Liberdade, assim como não a há de Fé ou de Belo, porque os valores não podem ser conceptualizados objectivamente e dependem do sistema social em que se integram. Não podem ser confundidos com factos, porque não são isentos de conotação afectiva ou de interpretação subjectiva.

Mesmo os factos, temos tendência a valorizá-los, isto é, a humanizá-los.

Somos nós que atribuímos valor às coisas, somos nós que atribuímos valor à liberdade. E os valores não são ideias, são sentimentos e emoções. A sua apreensão é subjectiva, qualitativa, bipolar e hierarquizante. Mas será a liberdade pura subjectividade, ou haverá princípios com ela relacionados sobre os quais poderemos estar de acordo? Estarão todos os seres humanos de acordo sobre o que é a liberdade?

Estarão os humanos de hoje em perfeita sintonia com as crenças sobre a liberdade de uma época histórica anterior? E futura? Os nossos contemporâneos, estão todos eles de acordo (independentemente das práticas, porque para já falamos apenas de ideias) acerca da liberdade? E para já não falar em termos mundiais, os europeus?

Qual a possibilidade de um valor como a liberdade ultrapassar a perspectiva relativizante da época e afirmar-se em termos intemporais?

Lieberdade é um valor ou contém vários valores? É um valor que contém vários valores?

E qual a relação entre liberdade e moral? E liberdade e ética?

É a liberdade um conceito generalizável a toda a espécie humana transcendendo-a e afirmando-se como algo em si, ou é marcado pela mobilidade, variabilidade, diversidade?

E qual o papel da liberdade na nossa relação com os animais e com a natureza em geral?

Vale a pena pensar sobre estas coisas? Será possível chegar a alguma conclusão? Vale a pena pensar sobre estas coisas mesmo que não se chegue a nenhuma conclusão? De que serve pensar sobre a liberdade?

E qual a relação entre obrigação ou dever e liberdade? De que lado está o Eu, de que lado está o Outro?

Onde está a liberdade?

O que é a liberdade?

Como é a liberdade?

E… “last but not least”:

Haverá uma idade para a liberdade?

risoletapedro@netcabo.pt
http://risocordetejo.blogspot.com/



Ver crónicas anteriores


LIVROS DISCOS LIVROS DISCOS LIVROS DISCOS LIVROS DISCOS LIVROS DISCOS LIVROS DISCOS