Os campos têm-se enchido de camomilas…
… brancas e amarelas, comemorou-se o aniversário de Einstein, St.ª Perpétua e St.ª Felicidade tiveram o seu dia juntas, o que não é desagradável, celebrou-se o dia da beata Sancha, que tem o nome de uma miúda que andou comigo na escola e que dizia que o pai dela era rei, festejou-se o dia Mundial do Teatro, o aniversário de Calouste Gulbenkian e do meu pai e do pai dos meus filhos, o dia do consumidor, o da juventude, o da poesia e da floresta, o do estudante, adiantaram-se os relógios uma hora, cheguei atrasada a duas reuniões, festejou-se o dia de todos os pais e assinalou-se o dia do nascimento do profeta Mohamed. No mês de Março atravessámos, sem dar por isso, cinco domingos da Quaresma; só me apercebi de tal, quando, num dos últimos domingos, descendo a rua Vale de Santo António em hora que não sabia ser de missa, me cruzei com várias mulheres que a subiam, a caminho da capelinha de Santo António, trazendo nas mãos ramos de oliveira e rosmaninho. Há quantos anos não via eu estes ramos do domingo com o mesmo nome? Olhei então para trás e vi o mês de Março, e já estamos em Abril, e já festejámos (festejámos?) o dia se Sto Expedito (o das causas impossíveis, sabiam? O que eu aprendo com o Borda d’Água!) e de S. Crescêncio (este também não deve ser mau para se rezar…) e também, hoje, segunda feira, dia em que escrevo a crónica, passamos pelo dia de S. Jorge, o protector de Portugal ( e bem precisa… o santo é bom, mas o milagre é grande… embora também seja verdade que se não fosse grande não seria milagre) , no mesmo dia em que se festeja o livro (festeja? Como se festeja o livro senão… lendo? Hoje, prometo que vou ler) e depois de amanhã (ou hoje, para quem esteja a ler esta crónica no dia em que é publicada) será o dia da liberdade e do nascimento da minha filha, o que para mim é uma redundância. Só não lhe chamei Liberdade porque as crianças não gostam que lhes ponham nomes assim exuberantes, e estão no seu direito, e porque seria também uma redundância, visto que para mim ela é o amor (e todos os outros filhos, e todos os outros seres) , e como o amor é libertador, no meu coração chamo-lhe, baixinho (porque não precisa de ser gritado, é uma convicção profunda), Liberdade.
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