2019-08-14



Risoleta C Pinto Pedro


O paradigma da escravatura



Dizia no outro dia alguém, que aceitamos com a maior naturalidade a tecnologia dos nossos telemóveis, que nada mais é que uma tecnologia quântica, pois outra explicação não existe para que uma onda desapareça e volte a aparecer no telemóvel, e imediatamente mudamos de paradigma para o velho e estafado paradigma materialista, quando se trata de nos responsabilizarmos pelos nossos pensamentos, palavras e acções, como se tudo o que somos, pensamos e fazemos fosse sem consequência e as coisas que nos sucedem nos caíssem em cima atiradas por um Deus mal-disposto ou por uma Natureza cega e, pior ainda, por uma enorme e cósmica roleta russa enlouquecida, mas que, em qualquer dos casos, seríamos totalmente alheios, em termos de responsabilidade, ao resultado obtido. Tudo transporta informação, tudo é atómico, e nós somos um aglomerado de informação que não sabe que o é, porque não se conhece, e muito menos sabe o que fazer com isso. Quando não se reconhece um poder que se tem ou se ignora o que fazer com ele, normalmente não corre bem. Acaba por se fazer com ele alguma coisa, porque nos está na natureza, mas não muito boa.

Tudo isto por causa do paradigma, instalado como um chip, através das histórias que ouvimos enquanto humanidade há milénios, e como seres individuais há décadas.

Isto dá imenso jeito ao sistema, porque se nos considerarmos vítimas impotentes, só nos restam duas coisas: comprar os pequenos prazeres que nos são vendidos, e sofrer a grande e contínua escravatura que nos é, perversa e disfarçadamente, imposta: pelas crises, pelo desemprego e pelo medo que tudo isto gera, pelas mensagens subliminares dos filmes, da publicidade e dos media em geral (trabalho muito bem pago e altamente eficaz) e pelo nosso sentimento de ausência de alternativa.

E no entanto, uma vez atravessada a célula, a molécula, o átomo, as supercordas ou o bosão de Hicks, a fronteira, o limite entre a onda e a partícula ou massa, ou matéria (perdoem-me se não sou rigorosa na argumentação científica, como leiga que sou), o que se encontra é o vácuo energético de que tudo participa, um oceano de energia, pura onda, ausência absoluta de massa. E contudo nada muda na natureza destes mundos de que participamos e que participam de nós. Quer sejamos massa, quer sejamos onda, o que muda é a intensidade de vibração. A massa tem uma vibração muitíssimo mais baixa que o vazio. Talvez daí a nossa dificuldade em comunicarmos com Deus do qual, contudo, participamos, porque a um certo nível, quando subimos na escala vibracional, tudo é um. Aprendemos a ver-nos separados, a sentirmos que somos melhores ou piores, mais ou menos. E contudo somos como gémeos, que uma vez separados continuam a sentir, instantaneamente, o mesmo que o outro. O que explica que se se dividir uma partícula e se colocar as duas metades a uma grande distância isoladas num ambiente electromagneticamente estanque, se uma for estimulada, que a outra sinta e reaja instantaneamente ao estímulo. Se pensarmos que já estivemos todos num espaço com o qual a ponta de um alfinete não consegue rivalizar em não dimensão e que isso continua a acontecer a níveis subatómicos, a loucura em que vivemos e a tristeza que nos infligimos parece ainda mais absurda.

É preciso ler, estudar, pensar. Porque os processos de escravização estão cada vez mais perversos, e a informação bem digerida e activada pelo pensamento-acção vale ouro.

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