Uma das formas de destruir uma coisa bem feita é não a destruir, mas ir destruindo. Uma das obras que nos diferencia, até de países considerados mais avançados do que nós, é (era) o Serviço Nacional de Saúde. Normalmente não falo sobre o assunto, porque não é a minha área e gosto de dar o benefício da dúvida e condescender com algumas falhas que vá havendo... afinal, o SNS não é perfeito. Mas quando ouço uma notícia sobre a noite anterior àquela em que escrevo, relativamente ao hospital de Loures, com oito horas de espera e pessoas a desmaiar na sala de atendimento, sabendo eu de viva voz que em São José o tempo de espera fora de nove horas, é difícil não me espantar, é difícil não ficar inquieta, é difícil manter a confiança no sistema, é difícil não nos interrogarmos sobre para que serve o défice zero. Como nas casas de avarentos, em que o cofre está cheio e a despensa vazia.

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