Não importa quem venha: roto, rico, virtuoso ou pecador.

É um ensinamento comum às religiões mais compassivas. No Ocidente habituámo-nos a pensar em Jesus, o ensinamento vivo.

Alguns conseguem quase imitá-lo, alguns conseguem quase ultrapassá-lo, alguns nem tentam, outros flagelam-se por falharem.

Não importa quem venha, alguns conseguem acolher no seu abraço um desconhecido, mas teriam dificuldade em fazê-lo em relação a alguém mais próximo, uma mãe, um pai.

Alguns conseguem acolher no seu abraço uma mãe, um pai, mas nunca um desconhecido.

Não importa quem venha. A árvore, diz Osho, não escolhe a quem dá a sua sombra.

Alguns conseguem imitar a árvore, conseguem quase ultrapassá-la.

Não importa quem venha, mesmo que quem vem o tenha enganado, o tenha vilipendiado, o tenha ofendido, ou roubado.

Não importa quem venha. Alguns conseguem fazê-lo.

Excepto... se o mesmo for a árvore e o que se abriga, se o mesmo for o que acolhe e o que é acolhido. Porque quando a árvore vem acolher-se ao colo da árvore, a árvore arvora toda a sua folhagem crítica e avalia o pequeno arbusto: que não está suficientemente desenvolvido, que não é suficientemente generoso, que não sabe ainda dar, que vacila, que não é perfeito, o pequeno arbusto.

Não importa quem venha, a árvore acolhe. Não diz: "Vai pôr-te fresco, vai dormir uma sesta, vai confessar-te ao padre ou ao psiquiatra e então sim, podes vir."

Não importa quem venha. Alguns conseguem, excepto... se forem eles próprios a precisarem de si.

É preciso educar a árvore a sentir compaixão por si própria, ensiná-la a abraçar-se, com ou sem folhas, com ou sem ramos, com ou sem um poderoso tronco, com ou sem esperança, com ou sem... sombra.São estes os meus votos para 2016: Que se acolham, como... árvores.


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