Risoleta C Pinto Pedro O mundo das águas e das águias
Caminhei para Delphos Porque acreditei que o mundo era sagrado E tinha um centro Que duas águias definem no bronze de um voo imóvel e pesado Porém quando cheguei o palácio jazia disperso e destruído As águias tinham-se ocultado no lugar da sombra mais antiga A língua torceu-se na boca da Sibila A água que primeiro eu escutei já não se ouvia.” Sophia de Mello Breyner, Dual É um poema belo e desencantado composto de beleza. A beleza ao serviço do desapontamento e do desencanto. Sophia é uma poeta do real, uma lírica de denúncia encontra-se na sua poesia. Este poema constrói-se sobre tempo: “desde”, “quando” e “já”. O “desde” é aqui do domínio do sagrado e é justificado pela fé. O “quando” aparece “adversativizado” pelo “porém”, surge o obstáculo que sempre caracteriza a viagem do herói. O “já” é sem apelo. O herói sucumbe ao obstáculo. A alegoria não está completa. O herói ergue-se sempre sobre a treva, o monstro ou o medo. Cabe-nos a nós desocultar as águias, reconstruir o palácio, libertar a língua e a água. Porque existe mais do que um mundo. Aquele em que precisamos de acreditar é sagrado e tem um centro definido pelo voo de duas águias. Não é meia dúzia de símios agarrados a uma máquina de calcular que pode destruir um mundo assim. Porque vai contra a natureza. E a eternidade. risoletacpintopedro@gmail.com http://aluzdascasas.blogspot.com/ http://diz-mecomonasceste.blogspot.com/ http://escritacuracriativa.blogspot.pt/ http://www.facebook.com/risoleta.pedro http://risoletacpintopedro.wix.com/risoletacpintopedro |
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