Amílcar Cabral (1924-1973) - Vida e morte de um revolucionário africano




(Do autor, in Introdução) Sendo inegável que um «Homem só nunca fez a História», contrariamente ao que defendeu Henrich Von Treitschke, a verdade é que pode ter um papel directo e influente nela, por intermédio da sua acção e habilidade, como reconhecem os historiadores marxistas. De resto, com a humildade que caracterizou toda a sua actuação em vida, Cabral foi o primeiro a recusar a figura de herói, para se colocar no quase sempre difícil e não menos importante papel de intérprete das aspirações das massas. Para ele, o facto de ter liderado a luta pela independência de dois territórios não lhe dava direito a figurar no panteão dos heróis. Antes pelo contrário. "Se há um herói no meu país - afirmava Cabral nas vésperas do seu assassinato - é o nosso povo. E nós estamos decididos a expressar os sentimentos, as aspirações do nosso povo".


(José Carlos Venâncio, do Prefácio) Amílcar Cabral é um dos políticos africanos com maior renome internacional. Pertence à primeira geração de nacionalistas e, como tal, o seu nome ombreia com o de outros nacionalistas que, de uma forma ou de outra, ganharam notoriedade, tais como Kwame Nkrumah (Gana), Patrice Lumumba (República Democrática do Congo), Léopold Sedar Senghor (Senegal), Houphouët-Boigny (Costa do Marfim), Jomo Kenyatta (Quénia), Eduardo Mondlane (Moçambique) e Agostinho Neto (Angola). Para além de político e dinamizador de massas, prerrogativas expectáveis em tais líderes políticos, Cabral posicionou-se ainda, e nessa qualidade tem sido lembrado, como um dos grandes intelectuais da África Subsariana ou, como é usual chamar-se nalguns meios, mormente francófonos, África Negra.
(...)
Estes e muitos outros aspectos relacionados com a história de vida, com o pensamento e com a acção política de Amílcar Cabral são exaustivamente tratados por Julião Soares Sousa ao longo desta obra, que começou por ser uma tese de doutoramento defendida na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, sob a orientação do Prof. Doutor Luís Reis Torgal. Para além dos conhecimentos que, ao longo do livro, são apresentados ao leitor com a devida profundidade teórica e analítica, reputo ainda de particular importância o cuidado dispensado aos aspectos metodológicos. Trata-se de uma obra que, (...) contribui decididamente para o aprofundamento do conhecimento sobre o nacionalismo africano nos espaços de colonização portuguesa e, numa acepção mais alargada, para o desenvolvimento dos Estudos Africanos em Portugal.


JULIÃO SOARES SOUSA - CV resumido

JULIÃO SOARES SOUSA é natural de Bula (Rep. Guiné-Bissau). Filho de Soares Sousa e de Amélia Mendonça, licenciou-se em História pela Univ. de Coimbra em 1991. Concluiu o Mestrado em 1996, com a classificação máxima de MUITO BOM, e doutoramento na mesma Universidade em 2008, com Distinção e Louvor por unanimidade. É o primeiro guineense Mestre e Doutorado pela Universidade de Coimbra.

É Investigador no Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra e Professor Convidado no Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração (Aveiro), onde lecciona a cadeira Cultura e Conflito, do Mestrado em Segurança Defesa e Resolução de Conflitos e da Pós-Graduação em Criminologia. Tem proferido várias conferências em Portugal e no estrangeiro (Brasil, Dinamarca, França, Hungria, Espanha, Cabo Verde, Guiné-Bissau. Entre algumas das suas publicações destacam-se:

  • 1)Amílcar Cabral (1924-1973). Vida e morte de um revolucionário africano.
  • 2)"Os movimentos unitários anticolonialistas (1954-1960). O contributo de Amílcar Cabral", in Estudos do Século XX, 3, Coimbra, 2003;
  • 3)Um Novo Amanhecer, Coimbra, Minerva, 1996.
  • 4)"Amílcar Cabral: do envolvimento na luta antifascista à manifestações de tendência autonomista no Portugal do pós-Guerra (1945-1957)", In Cabral no cruzamento de épocas. Comunicações e discursos produzidos no II Simpósio Internacional Amílcar Cabral realizado na Cidade da Praia, 9 - 12 de Setembro de 2004, Praia, Alfa Comunicações, 2005;
  • 5)"O fenómeno tribal, o tribalismo e a construção da identidade nacional no discurso de Amílcar Cabral", In Comunidades Imaginadas. Nação de nacionalismo em África, Coord. Luís Reis Torgal, Fernando Pimenta e Julião Soares Sousa. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2008;
  • 6)"MPLA: da Fundação ao Reconhecimento por parte da OUA", Latitudes, Cahiers Lusophones, nº 28, 2006;
  • 7)"Amílcar Cabral: um contemporâneo de Francisco José Tenreiro no Portugal dos anos 40/50", in Francisco José Tenreiro: As múltiplas faces de um intelectual, Coord: Inocência Mata, Lisboa, Edições Colibri, 2010.
  • 8)As associações protonacionalistas guineenses durante a I República: o caso da Liga Guineenses e do Centro Escolar Republicano (no Prelo, Mindelo - Cabo Verde)
  • 9)A cisão sino-soviética e suas implicações nos movimentos de libertação em África (no prelo, Universidade da Beira Interior).

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