2011-06-15



Risoleta C Pinto Pedro


OS GALOS

Voltaram os galos. Primeiro, virtualmente, anunciados pelo toque dos telemóveis, e agora em pessoa, digo, em criatura, se bem que os telemóveis também sejam uma forma de seres criados.

Quando comecei a ouvi-los em forma de toque, duvidei deles, agora voltei a duvidar deles enquanto seres reais. Mas de tanto ouvir uns e outros, já sei distingui-los, e por isso posso afirmar que os galos aí estão em força e em carne e em osso, ao contrário dos desossados frangos de aviário que já são criados com osteoporose para melhor conforto dos nossos dentes. (Quem disse que este mundo é justo)? Mas voltando aos galos, estes de crista e canto, os dos vizinhos, mesmo dos citadinos, têm sido uma das coisas boas da crise, que as crises também têm coisas boas, como tudo. Talvez.

Têm estes galos como missão o tacho, como sempre tiveram. Mas não se restringe ao tacho a sua missão. Também podemos encontrá-los em alguns símbolos esotéricos. Para estimular à reflexão. E foram eles que anunciaram a traição. E a ressurreição.Que uma, sem a outra, não teria existido. Mas estes que agora povoam capoeiras e quintais nas cidades, e as caves e os terraços, são o regresso à auto-subsistência. Que não deveríamos ter negligenciado.

risoletacpintopedro@gmail.com

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