2017-01-11



Risoleta C Pinto Pedro


SÁBADOS, DOMINGOS, SEGUNDAS, ETC.



A propósito de algo que escrevi, avisa-me bem intencionado amigo, que por deliberação internacional, a nossa semana começa na segunda-feira. Há décadas!

Quer isto dizer que sendo sábado o sétimo dia da semana (parece-me óbvio, pois vem a seguir à sexta), o domingo, estando proibido de ser o primeiro, passa assim a ser o oitavo. Porque a nossa semana, por deliberação internacional, fica a ter oito dias e não começa no primeiro, mas no segundo. Eu pensava que já tinha visto tudo, mas faltava-me esta descoberta. Melhor que isto, só o despique entre Júlio César e o imperador Augusto no afã de roubarem dias ao Fevereiro para acrescentarem aos seus meses: Julho e Agosto, ambos bem compostinhos com seus luxuriantes trinta e um dias. Isto é uma evidência, vem-se repetindo há séculos e já nos habituámos.

Mas esta invenção de a semana começar na segunda é que não posso aceitar. Primeiro, porque como não me canso de repetir, apesar de ser uma evidência, é um segundo dia. Depois, porque não faz sentido nenhum começar uma semana num dia de trabalho, o que explica tanta gente cansada à segunda-feira, ainda por cima dia de lua, que é o planeta menos propício ao trabalho e muito mais ao sono, à imaginação e à vagabundagem. Para além disso, começando num segundo dia e terminando num oitavo, que será o domingo, as contas não batem certas e se os imperadores ainda tinham o pobre do Fevereiro para roubar, nós não temos nenhuma semana intacta, porque depois de um disparate destes, nenhuma semana fica de pé.

Creio até que esta pode ser uma das causas da crise. Às vezes, as soluções para problemas grandes são bem pequenas. Experimentem pôr a semana a começar descansadamente ao domingo, ao colo do Senhor, iluminada pelo Sol, com todo o tempo para nos prepararmos para a segunda-feira, e certamente a disposição começa a ser outra. A semana com início de dia tem logo outra energia, outro entusiasmo, outra consciência. É uma forma desperta de começar a semana.

Aqui aproveito para anunciar que se sempre as semanas começaram para mim ao domingo, a partir de hoje a segunda-feira passa a ser oficial e solenemente o segundo dia da minha semana e a terça, logicamente, o terceiro, e por aí fora. Até ao sábado, que continuará a ser o sétimo, também conhecido por sabat, o dia de descanso do judaísmo. Sabat que etimologicamente significa “cessar” ou “parar” e ainda mais razão me dá. Para-se no final do sábado para recomeçar no domingo. Em festa e celebração, ao sol. A ganhar fôlego para a segunda-feira. Esta é, para mim, uma questão simbólica, política e espiritual. Para além de puro bom senso. Os legisladores deviam pensar com o coração. No mínimo, com a cabeça. Com os pés, por muita consideração e ternura que eu tenha pelos mesmos, é que não é boa ideia.

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