2016-10-12



Risoleta C Pinto Pedro


William Shakespeare



William Shakespeare era Edward de Vere, XVII conde de Oxford?

Junto às efemérides fala-se sempre mais, e embora já tenha passado, ficou-me a memória de um documentário sobre a sua identidade.

Múltiplas identidades lhe têm sido atribuídas. Na verdade, não se sabe quem foi. Contudo, a possibilidade de se tratar deste conde é muito elevada.

Seja ele quem for, era alguém não só genial, mas de uma cultura surpreendente. O facto de muitas vezes o nome aparecer hifenizado “Shake-spear” (agitando uma lança) e o nome próprio William, que significa vontade (will) de proteger (helm), que também significa elmo, o mesmo elmo que alguns vêem no retrato do conde, pode ser significativo...

Sejam ou não especulações, o que releva de todos estes cenários é, afinal a obra. Rara, estranha, requintada, intensa, forte, actual, lírica e poderosa.

A vingança, a ausência de segurança e de rivalidade entre famílias e dentro das famílias, a sabedoria e a loucura, o amor e o ódio. O conhecimento profundo dos clássicos, dos livros religiosos, das lendas, das leis, da História e da psicologia do inconsciente. Moderníssimo. Contemporâneo. Guiando a nossa cegueira.

O que me parece é que, sem menosprezar o mérito de todos os estudos que procuram atribuir-lhe uma identidade, mais importante que tudo é o tesouro que constitui o próprio texto e que acaba por ficar um pouco obscurecido pelo meio de pesquisas um tanto ou quando frívolas, e assim, afirmaria à laia de antídoto, como Guildenstern em Hamlet: «— Oh! Tem havido grande desperdício de inteligência».

Aproveitemos, como Hamlet, o vento. E enquanto ele não soprar de nor-noroeste, quando é grande causador de loucura, enquanto soubermos distinguir «um falcão de uma garça» (saberemos?), deixemos que passe suavemente as páginas e nos mostre a loucura das nossas vidas, das nossas casas, das nossas famílias, das nossas amizades, da nossa sociedade, dos nossos países. Esse leque de actores representando todos os dias, a cada momento, para nós. «Cada um montado na sua besta». E nós também.

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