2006-09-06
QUARTA-CRESCENTE
Risoleta Pinto Pedro


Blogues e blogues e língua e norma e a arte da fuga e conhecimento e vida       





No outro dia, para o próximo número da revista O Professor, a propósito de correcção linguística e de blogues sobre língua, escrevi sobre o blogue

http://insulo.blogspot.com/

e sobre ele afirmei (cito-me a mim mesma):

“É agradável passar por lá; é instrutivo, leve, útil. Tem sentido de humor e criatividade. Fala sobre língua de modo agradável com o tom de quem pode falar porque sabe.

Também fala sobre paz e sobre guerra. Continuarei a acompanhar o percurso deste Ínsulo recém-nascido. E hei-de recomendá-lo aos meus alunos.”

É um blogue não só recém nascido, mas bem nascido. Seja bem vindo.

É um tipo de blogue não muito comum, pelo menos do que me é dado saber da minha experiência de blogues, procura ser didáctico, e mesmo normativo, sem ser chato. E consegue. Mesmo para mim, que sou, de nascença, um bocadinho alérgica a comportamentos normativos. Na língua ou “ailleurs”. Dizem que é a influência de Urano, esse simpático e irrequieto arquétipo, no meu “tema natal”. A busca incessante, compulsiva e vital da originalidade. Como do ar para respirar. Talvez seja isso, talvez seja outra coisa qualquer, talvez seja isso mais outra coisa qualquer.

Mas não tenho nada contra as regras, há quem precise delas.

A verdade é que não só de norma nos alimentamos nós. A literatura é justamente, muitas vezes, o oposto: um saudável desrespeito pelos princípios, que mais não são que anteriores fugas, de umas gerações atrás. Assim se avança. A vida também é assim. Porque a literatura ou é vida ou não é nada.

Este outro blogue de que quero falar hoje é um blogue literário. Não sei se assumidamente literário, talvez o autor não desprezasse apresentá-lo como mergulho no mais profundo do ser, mas para mim é literatura pura, da boa e da dura, e talvez por isso mesmo o autor terá toda a razão em classificá-lo como lhe apetecer. É poesia mesmo para comer, poesia para nos devorarmos por dentro até ao centro do tutano, até não haver mais nada para morder, até sair… sangue. E navegando nesse fluxo, a alma surpreendida, como uma bela ex-adormecida.

O blogue tem o seguinte endereço:

http://saudadesdeantero.blogspot.com/

e como poderão ver, não só afirma que não são versos os versos, como cria desvios para a pontuação, para os sentidos e para tudo aquilo que consegue desviar. Sobre um espaço/leito amarelo quase ocre de uma parede alentejana, digo de um templo, digo de um poema, digo de um altar.

risoletapedro@netcabo.pt
http://risocordetejo.blogspot.com/


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