Risoleta
Pinto Pedro
O fandango |
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A origem da palavra vem do latim “findiciare” que significaria “tocar lira”, o instrumento utilizado pelos romanos.
Mas o que se sabe é que o fandango é uma dança da Andaluzia. A sua proveniência é árabe. O contexto original era a sedução, e supõe-se, com forte componente ritualística não cristã, sendo acompanhada pelas cordas e pelas castanholas. Mas também por gaita-de-foles, ou de beiços ou concertina. É uma dança muito centrada na agilidade. Os protagonistas são dois homens tentando atrair a atenção da mulher através de maior velocidade ou expressão. Pensa-se que, por vezes, o cenário era rural.
Em Portugal chegou a dançar-se nas tabernas, como é o caso da Azambuja. Sobre a cabeça os dançarinos equilibravam um copo cheio de vinho, que não podiam verter.
O fandango foi levado até ao Brasil, e aí absorvido pela cultura local, onde os músicos improvisam letra e música, num estilo muito nordestino.
No século XVIII e em princípios de XIX pode ser encontrada nos palácios, pelo que António Soler, compositor barroco espanhol do século XVIII influenciado por Scarlatti e pela música popular espanhola, compôs fandangos dos quais pode ouvir um exemplo (fandango em ré menor) em:
http://www.epdlp.com/compclasico.php?id=2489
bastando “clicar” sobre o altifalantezinho respectivo, e onde não é difícil reconhecer a ressonância da sonoridade do nosso fandango dançado na lezíria ribatejana.
Este e outros fenómenos culturais (e não só) são arquétipos que atravessam a geografia e a história e nos ajudam (a quem está disponível) a compreender um pouco melhor esta ilusão que construímos e a que demos o nome de espaço e de tempo.
risoletapedro@netcabo.pt
http://risocordetejo.blogspot.com/
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