2006-01-25
QUARTA-CRESCENTE
Risoleta Pinto Pedro
      “Crocante”



Comentamos as modas: no vestir, nos objectos, nos sabores. Agora está em moda o “estilo” crocante. Interrogamo-nos de onde nos vem este gosto. Que existe de crocante na natureza que nos desperte a recordação? Não encontramos. As nozes? Só se for a casca, só se quisermos partir os dentes, porque o miolo é suave. Amêndoas? O mesmo. Os amendoins? Igual, com a diferença de que o risco de partir dentes não existe. Nos restantes frutos não encontramos, nem nos legumes. Não encontramos a consistência crocante em nada que exista na natureza.

- Excepto…

Diz Helena, vendo entrar os gatos. Um deles traz uma osga na boca. Vem comê-la para debaixo da mesa, em segurança. O ruído que nos chega lembra-nos as ocasiões em que se veio banquetear com passarinhos ou… os adolescentes despejando sonoramente um pacote de aperitivos desses que fazem barulho. Ou de um antepassado nosso mitigando a fome com um pequeno ser semelhante ao que o Luzinho trazia na boca. Talvez nem tenha sido há tanto tempo assim… Convém não esquecer. Por causa das arrogâncias. Para com os outros seres. Por causa da lucidez. Que nos ilumina. Não sabemos para onde vamos, por isso não será mau termos presente, ao menos, de onde vimos.

risoletapedro@netcabo.pt
http://risocordetejo.blogspot.com/


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