Mãos de pianista? …a propósito do filme: “De tanto bater o meu coração parou”. Identifiquei-me logo com o título. Quando eu era criança, o meu coração batia tanto que eu receava que rebentasse. Ou parasse. Não aconteceu nem uma coisa nem outra. Aprendeu a acalmar-se a si mesmo. Tinha de ser. As mãos do protagonista não são mãos de pianista, comentava alguém. De facto não são, ou, pelo menos, não são aquilo que nos acostumámos a considerar mãos de pianista. Estas, são mãos habituadas a segurar matracas e destruir interiores de casas. E no entanto, como se curvam amorosamente sobre o teclado, como voam sobre o balcão do bar, transformado em teclado imaginário…. É a história de um pianista tardio, ou de como as crianças amam eternamente os pais, mesmo quando estes parecem odiá-las (como é o caso deste), mesmo quando pensam odiá-los. . Neste filme: . - Despejam-se ratos dentro de prédios para especulação imobiliária. - Despejam-se pessoas a viver em prédios pela mesma razão. - Partem-se vidros e outras coisas dentro de prédios por razão igual. - Estuda-se até à loucura uma partitura de Bach. - Ameaça-se de morte e se for preciso mata-se, pelas razões acima ou para vingar um pai. - Serve-se de álibi ao amigo que atraiçoa a mulher. - Dorme-se com a mulher do amigo. - Discute-se em francês com a professora de piano que só fala chinês. Tudo isto, embora pareça impossível, é protagonizado pela mesma personagem. . Este é um filme onde, mais uma vez, se afirma (e se põe em causa) que conhaque é conhaque e trabalho é trabalho, mas também que … amor é amor (mesmo que seja pela mulher do amigo, que este trai, meticulosa e regularmente), e que amor é música (mesmo que em forma “tecno” saindo dos auscultadores pelo meio dos ruídos da cidade), e que música é amor (em forma de Bach ou de recordação de mãe). . risoletapedro@netcabo.pt http://risocordetejo.blogspot.com/ |
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