2005-04-06
QUARTA-CRESCENTE
Risoleta Pinto Pedro

É como um privilégio que aceito este convite que me foi feito pela Unicepe, no sentido de escrever semanalmente para esta página. Chamar-se-á "Quarta-Crescente", porque será publicada às quartas, e espero que possamos crescer todos um pouco na interacção que se estabelecer por meio desta escrita, como a lua, quando amplia. Mas, também, porque algumas pessoas que me lerão me conhecem de uma outra crónica igualmente chamada, que durante nove meses, durante o ano de 2003, esteve no ar às quartas no Programa "Despertar dos Músicos", da RDP-Antena 2.
Dada esta explicação, passo a cumprimentar todos os associados/as da Unicepe e todos os leitores/as, fazendo votos para que consiga fazer-vos um pouco de boa companhia, às quartas-feiras, em crescente. . .

O PORTO INTERNO

Começo por falar um pouco desta cidade, não em termos objectivos, mas da cidade interior que ela é, ou foi, para mim, porque cada cidade desdobra-se sempre em duas para cada um de nós: a de fora e a de dentro. Quando, há uns anos, já tarde, visitei o Porto pela primeira vez, pareceu-me uma espécie de Madrid. .
Escandalosamente, mas sem culpa de ninguém, conheci Madrid antes do Porto, e, quando aqui cheguei, senti-me numa espécie de Madrid no meio da névoa, nórdica, poderia dizer uma Madrid londrina, grave, imponente e bela. Escura. Um pouco suja. Agora, continuo a achá-la grave, imponente e bela, mas não grande. Ficou mais à minha medida, como as escadas do liceu, que antes eram enormes, e agora, quando lá regressei ao fim de décadas, continuam a ser encantadoras, mas... encolheram. Como personagens de comédia tipo: "Querida, encolhi os miúdos"..
E já não a acho tão suja como me pareceu em tempos, ganhou em limpeza o que perdeu em tamanho. A beleza ampliou-se consideravelmente, em crescendo. .
E depois, tem uma coisa que Madrid, por mais que se esforce com as suas inúmeras e extraordinárias fontes, nunca terá. O inimitável rio, com suas magníficas pontes e as consequências que advêm, para uma cidade, de ter um rio assim: multiplicação de tons, criação de mistério, intensificação de emoções pela proximidade da água, um íman vivo e fluido, na cidade. .

risoletapedro@netcabo.pt
http://risocordetejo.blogspot.com/




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