OLÁ!

O Alah seja contigo! fugia
pelo tecto mouro da igreja
mas olás, agora,
trocam-se na horizontalidade dos olhos.

Mesmo ao primeiro encontro,
é o mesmo alvoroço de rever alguém
com quem bebêssemos
o mesmo ácido do vinho,
como se ambos imprecássemos
no mesmo atalho,
como se as nossas mãos
esconjurassem juntas,
armassem contra os abutres
o mesmo espantalho no campo.
Os olás que trocamos alvoroçam
o remanso das lagoas
e um tempo doirado
que nunca vivemos,
sentímo-lo florescer até aos braços.


MANUEL AMARAL
in Gentes, Terras, Dia a Dia, UNICEPE, Porto, 2003




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