BARRO E LUZ Ermelinda Xavier Poesia Unicepe, 2016 |
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Com muito pesar informamos que Ermelinda Xavier faleceu hoje no Hospital das Caldas da Rainha. Transcrevemos um poema que escreveu precisamente há 59 anos e outro que é o último do livro “Barro e Luz”. Depois de 40 anos recusando a publicação dos seus poemas, no lançamento na UNICEPE, em 12 de junho de 2016, terminou as suas emocionantes palavras de improviso dizendo “é o dia mais feliz da minha vida”: http://www.unicepe.pt/lancamentos/xavier/xavier.html Sugerimos a leitura dos textos de Leonel Cosme e de Domingos de Oliveira: http://www.unicepe.pt/lanca2/barro/barro.html Porto, 18 de dezembro de 2016 A direção da UNICEPE, Quando eu morrer ponham-me num museu que o meu lugar é aí. Coloquem na vitrina este letreiro: “Espécie rara de tipo invertebrado verdadeiramente fenomenal. Fez poesia. Cursou a Faculdade. Sofreu entre outras coisas, ausências de dinheiro, e, como os humanos, pensou no Bem e Mal. Chegou a convencer-se que era gente. Mas morreu. E por tudo isso que o fez diferente dos outros invertebrados veio parar à sala de um museu” 18-12-57 Quando eu me for Seja um fim de tarde Quando o sol já perde o fulgor E já não arde. Que me vá devagarinho Suavemente Como pétala de flor A cair sobre o tampo De uma mesa Sem tristeza Nem dor Apenas como um eco Que se cala. 03-03-08 |