2016-02-04, quinta-feira, 18h30:

Lançamento do livro "PAPÉIS DA PRISÃO
.

Apontamentos, diário, correspondência (1962-1971)",

de José Luandino Vieira,

com a presença do Autor

e apresentação de Francisco Topa, professor de literaturas brasileira e africanas na FLUP






Texto da apresentação por Francisco Topa

José Luandino Vieira

(Lagoa do Furadouro, 1935), cidadão angolano pela sua participação no movimento de libertação nacional e contribuição para o nascimento da República Popular de Angola. Passou a infância e juventude em Luanda. Em consequência da sua atividade cultural e política foi preso pelo regime colonial português, primeiro em 1959 e, posteriormente, em 1961, tendo sido condenado a 14 anos de prisão. No seu percurso carcerário passa, em 1959, pela Casa de Reclusão Militar de Luanda; de 1961 a 1964, por várias cadeias de Luanda: Pavilhão Prisional da PIDE, Cadeia do Comando da PSP e Cadeia Comarcã; de 1964 a 1972, esteve no Campo de Trabalho de Chão Bom, Tarrafal, Cabo Verde; e de 1972 a 1974, cumpre pena em regime de residência fixa em Lisboa. Após a independência de Angola, regressa a Luanda, onde exerceu vários cargos ligados à televisão, cinema e rádio. É membro fundador da União dos Escritores Angolanos, da qual foi Secretário-Geral. A par da obra ficcional, maioritariamente escrita em espaços carcerários coligiu um importante acervo do qual fazem parte os 17 cadernos que são agora publicados.

Durante os 12 anos de cárcere, José Luandino Vieira coligiu um acervo de textos considerável constituído por 17 cadernos. O processo de escrita destes Papéis tem como termos cronológicos e fronteiras espaciais a entrada no Pavilhão Prisional da PIDE, em Luanda (1961) e a saída do Tarrafal (1972). A materialidade destes cadernos é composta por aproximadamente 2000 frágeis folhas manuscritas onde o autor anotou a sua visão do cárcere como observador excecional da nação angolana, manifestou os seus projetos políticos e literários, evidenciou o projeto comunitário de Angola como veículo da união e resistência coletiva, expressou as angústias e sonhos pessoais.

Os Papéis de José Luandino Vieira são um espantoso sismógrafo para rastrear os espaços de detenção e confinamento construídos pelo colonialismo português, nos estertores da sua existência, perante a luta crescente dos movimentos de independência africanos em várias frentes: na clandestinidade, nas prisões, na guerrilha.

Margarida Calafate Ribeiro
Mónica V. Silva
Roberto Vecchi


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