Caro Dr. Rui Vaz Pinto, presidente da direcção da UNICEPE,

Caros elementos da direcção e demais associados,

Amigos de Aquilino,

Meu prezado Amigo Dr. Lima Bastos:

 

Voltamos ao Porto onde, em Maio de 1963, mestre Aquilino recebeu uma das mais expressivas manifestações de apreço devotadas a um escritor. O tempo e a memória são dois bons companheiros: um pode levar-nos ao esquecimento, a outra pode subtrair-nos a identidade, por isso, é forçoso que caminhem juntos para esbater omissões e avivar lembranças que num plumitivo autor são de crucial importância.

Durante muito tempo algumas obras de Aquilino Ribeiro integraram o cânone literário obrigatório nas escolas. Posteriormente – e falámos de algumas décadas – entendeu-se de modo diferente privando as últimas gerações do contacto como uma figura que ostenta, sem favor, a marca de um dos nossos maiores prosadores que é, com Fernando Pessoa, a figura mais marcante das letras portuguesas da primeira metade do século XX.

A conformidade costuma, pela sua natureza, acolher-se aos ditames de uma espécie de manda quem pode, obedece quem deve mas não foi isso o que aconteceu com um conjunto considerável de artífices e amantes das letras que, de modo transversal, distribuídos entre algumas instituições, académicos e admiradores de Aquilino Ribeiro foram, certamente sem a pujança desejável mas com um querer persistente, cerrando fileiras contra o esquecimento. A Fundação Aquilino Ribeiro, qualquer dos filhos embora desavindos, o CEAR - Centro de Estudos Aquilino Ribeiro, as autarquias da geografia aquiliniana, com destaque para as de Sernancelhe, Paredes de Coura, Viseu e Oeiras, a Confraria Aquiliniana durante a breve existência, a Cooperativa Árvore, a Universidade de Aveiro, a Casa da Beira Alta no Porto de que é patrono, e tantos dos nossos estudiosos, amigos e curiosos da temática aquiliniana estiveram nessa linha de combate por Aquilino e pela divulgação da sua Obra.

Mas estes são caminhos para a história que não deixará de considerar as razões de aqui celebrarmos hoje mais um feito que, pela pena de Manuel de Lima Bastos, recoloca de novo e pela sétima vez num curto espaço de tempo, Aquilino Ribeiro nos escaparates das livrarias, e decerto em muitas das nossas casas, no seu apropriado lugar de leitura.

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Há mais de uma década que nos cruzamos sempre à sombra ou em torno de Aquilino. Desde 2006 que Lima Bastos tem colaboração dispersa pelas duas únicas revistas que a Confraria Aquiliniana editou: uma sobre ‘O Rifonário da Casa Grande de Romarigães’ e outra, já depois de entronizado como confrade no Colégio da Lapa, dava o mote para o que havia de transformar-se numa produção literária que ao longo dos últimos sete anos, e apenas sobre mestre Aquilino, se cifra em mais de meia dúzia de obras. Chamava-se esse ensaio ‘À Sombra de Mestre Aquilino - À mesa com o escritor conversando sobre trutas e lampreias’ (Letras Aquilinianas, nº 2, 2007).

Seguiu a par e passo a trasladação de escritor para o Panteão Nacional participando, como confrade e admirador de Aquilino, nas respectivas cerimónias.

A partir daí tem sido fulgurante a sua caminhada no mundo das letras, dando um contributo inestimável e sem paralelo para a divulgação da Obra de mestre Aquilino tornando-o acessível a um número cada vez maior de leitores e contribuindo para desfazer dois insistentes mitos: o de que Aquilino é um escritor inacessível para o comum dos leitores e o outro, ainda mais enraizado, o de que Aquilino andaria arrumado no lote dos escritores meramente regionalistas. Qualquer dos livros de Manuel de Lima Bastos transporta a evidência do contrário e, a par de Óscar Lopes, Manuel Mendes, Urbano Tavares Rodrigues, Taborda de Vasconcelos, Frederick Hesse Garcia, Jorge Reis, Henrique Almeida, António Manuel Ferreira, Fernando Paulo Baptista, António Augusto Fernandes, Martim de Gouveia e Sousa ou, mais recentemente, de Seabra Pereira e de muitos outros que seria excessivo continuar a enumerar, tornou-se ele próprio num autor incontornável no acesso e compreensão do acervo aquiliniano.

Quem é Manuel de Lima Bastos?

Manuel de Lima Bastos nasceu a 13 de Janeiro de 1940 em Santa Maria de Fiães, freguesia das Terras da Feira. Diz de si mesmo que «se ocupou a viver a vida mas teve de interromper esta actividade para exercer o ofício de advogado durante mais de três décadas». Em 2009 foi distinguido pela sua obra À Sombra de Mestre Aquilino, também editada pela chancela Sopa de Letras, com o Prémio Literário da Ordem dos Advogados 2009. O júri, composto por José Manuel de Vasconcelos, José Manuel Mendes e Henrique Mota, fundamentou a decisão na «qualidade da escrita, fluente e sugestiva, proporcionando uma leitura agradável e informativa bem como no excelente domínio da matéria tratada».

No Esplendor, na Luz ou à Sombra de Mestre Aquilino já produziu Manuel de Lima Bastos seis obras de divulgação e uma obra de prestígio que reúne as suas primeiras quatro publicações. Além de exímio prosador, sempre no encalço do seu mestre, tem também disponível Itinerário da Vida de Um Homem Comum, Sopa das Letras (2009) e O Albergue das Letras da mesma editora (2012). Poesia e crónica são outros caminhos que percorre com facilidade tendo publicação dispersa em jornais e revistas e nalgumas edições de autor.

Ainda sobre Aquilino Ribeiro está ainda tépido o sétimo livro de Manuel de Lima Bastos acabado de sair sob o título Mestre Aquilino, a Caça e Uma Gaita Que Assobia, que tem aqui a sua primeira apresentação e se encontra disponível para regalo dos leitores. Da uma próxima obra, em pré-edição, foi já publicado um capítulo no nº 22 dos Cadernos Aquilinianos editados pelo Centro de Estudos Aquilino Ribeiro do qual é associado.

Dos muitos amigos que os seus livros granjearam – e de outros que com ele colheram o sabor da vida – refiro, antes de nos ocuparmos um pouco da sua nova obra, algumas notas breves:

De Bernardo da Gama Lobo Xavier: «A quem ande cansado de palavras cansadas saberá bem ler quem escreve na senda saborosa de Aquilino. MLB escolheu como vida uma devotada lealdade ao grande mestre da portuguesa língua. Saiu bem compensado porque a tinta aquiliniana corre na sua pena como se tivesse herdado figuras - padres castiços, fidalgotes pimpões, labrantes picarescos, tudo gente de boas ou más manhas…»

De José Mário de Almeida Cardoso (anterior presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe): O rigor e a simplicidade com que escreve sobre Aquilino tiveram o condão de fazer despertar novos leitores que passaram a admirar a obra do escritor, suscitando e dinamizando fóruns de discussão e de debate (…) um pouco por todo o país.

De D. Manuel da Silva Martins (Bispo emérito de Setúbal): É mais do que inspirado este título do livro que MLB acaba de oferecer a Portugal: ‘O Retrato de Aquilino – Pintura sobre Palavras’. Ainda não chegámos lá mas um dia há-de vir em que Aquilino Ribeiro será olhado e apreciado como um dos mais significativos expoentes da alma lusíada (…). Manuel de Lima Bastos bateu à porta da casa do escritor e foi Aquilino Ribeiro em pessoa que generosamente lha veio abrir.

De Carlos Silva Santiago, presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe: Manuel de Lima Bastos é um extraordinário guia do extenso roteiro aquiliniano que, ao longo das páginas dos seus livros, nos tem conduzido sabiamente através da mundividência do universo de AR.

De Eugénio dos Santos, professor catedrático jubilado da FLUP: Para definir o perfil de Manuel de Lima Bastos servir-me-ei de quatro conceitos básicos: inteligência, carácter, convicções e afeições.

De Martim de Gouveia e Sousa, professor, escritor e crítico literário: O autor, qual judeu errante, peregrina repetidas ‘vezes sem conta’ por lugares electivos aquilinianos e deles colhe o espírito do artista como se não houvesse morte e olvido… Este livro, sombra iluminada, é um texto para ser comido. Poderia um autor desejar mais?

De Miguel Veiga, advogado, homem da cultura e dos livros: Mil obrigados pela sua obra ‘De Novo à Sombra de Mestre Aquilino’ que tanto me sensibilizou e agradou. Nunca ninguém escreveu tão bem e com tanta mestria e sabedoria sobre mestre Aquilino! Felicito-o e felicito-me a mim por ser seu fiel e devoto leitor.

De Abílio Pereira de Carvalho, professor, escritor, historiador e autor do blogue ‘Trilhos Serranos’: São trabalhos onde Manuel de Lima Bastos se revela um prosador de primeira água fazendo ressuscitar o ambiente, o sarcasmo, o estilo, a ironia, o léxico e as expressões que nos remetem imediatamente para a fonte inspiradora: a obra de Aquilino Ribeiro.

De Henrique Almeida, professor, escritor e membro fundador do CEAR: O terreno lavrado facultou uma boa safra. Queira o autor continuar com a enxada em punho – e daí advirão ensinamentos outros, provindos do deleitoso diálogo estabelecido em nosso tempo.

Do saudoso Eng. Aquilino Ribeiro Machado, filho de Aquilino Ribeiro e presidente eleito, após o 25 de Abril, para a Câmara Municipal de Lisboa: Manuel de Lima Bastos surpreende ao enveredar por caminhos não trilhados por outros frequentadores aquilinianos explorando assuntos que a sua curiosidade traz ao conhecimento dos leitores; é esta sequência inédita que nos apresenta depurada de incorrecções inerentes à qualidade de um manuscrito redigido sobre as velhas páginas de um caderno desmembrado. E desempenha-se da tarefa impecavelmente a ponto de não estranharmos a matriz aquiliniana do trecho que emerge da escrita espontânea redigida, tudo o indica, de um só fôlego.

Muitos outros amigos teceram elogiosas páginas e críticas prestigiantes à lavra literária de Manuel de Lima Bastos que não se acolhe apenas sob a protecção de Aquilino mas também do Padre António Vieira, Camilo, Brito Camacho, Francisco Manuel de Melo, Camões e tantos outros. Fosse a vida eterna e decerto Manuel de Lima Bastos aí estaria para nos surpreender com outras tantas novidades, nem todas sobre Aquilino mas todas sobre a literatura e em duas vias congéneres: a do prosador e a do poeta.

Deixemos esta breve resenha biográfica. É tempo de colher de Mestre Aquilino, a Caça e Uma Gaita que Assobia umas breves notas de leitura que, para não quebrar a magia aos leitores, serão naturalmente breves esquissos do húmus que reside no jeito peculiar para contar as histórias dedicadas à divulgação do génio que mora na literatura de Aquilino Ribeiro e se revela em Manuel de Lima Bastos.

A obra começa com uma curiosa pergunta gravada no portão de entrada que abre para a nota preambular: “Fará sentido perguntar a um fulano que nunca deu um tiro com uma arma de fogo e jamais participou numa caçada verdadeira (…) como é possível (…) descrever os truques e as manhas desta arte à mistura com as suas incidências e peripécias?”

A resposta é de natural assentimento com três ressalvas adjuvantes; uma, feita de ironia, procura a protecção do manto de Santo Huberto e destina-se aos caçadores a sério; outra consiste em espreitar pelo canudo de um óculo literário; e a restante está nas muitas páginas escritas por mestre Aquilino.

Nem sempre a peça cinegética, dependurada como troféu na cintura do caçador, é símbolo de desenvoltura para com a bicharada. Manuel de Lima Bastos, degustando os pitéus de tal arte, tem o domínio de caçar palavras dispondo-as de tal sorte que, mesmo piscando de nascença os olhos em simultâneo – facto que o torna pouco útil para a caça – não deixa por isso, acompanhado de Aquilino e de outros forasteiros, de nos elucidar sobre as saborosas peripécias e demais reinação que, por montes e vales, estes caçadores, entranhados na natureza mais agreste, semeiam o sobressalto tão elucidado e tão real que, no fio da leitura, também nós acabamos sendo caçadores e calcorreamos com eles e com as respectivas matilhas, de arma aperrada e movimento certeiro, à espera de um bem-sucedido epílogo ainda que só através das palavras do texto.

Esta é a terceira obra, se não erro, em que Manuel de Lima Bastos não se contenta em perscrutar o mestre, ladeando-o no caminho da temática escolhida. Convoca, para nosso deleite, outras figuras cimeiras da arte das letras. Assim, e por esta ordem, chamou a depor o Padre António Vieira, Francisco Manuel de Melo, servindo-se agora – a meu ver, bem – de D. João I (Rei de Portugal e dos Algarves e Senhor de Ceuta) para lhe abrir cada capítulo com passagens da sua obra ‘O Livro da Montaria’. A investigação feita em torno desta obra pouco conhecida e as incidências divulgadas, só por si, constituem aperitivo bastante para fazer o caminho.

Ainda neste capítulo inicial Manuel de Lima Bastos percorre textos de referência, sobre os auspícios de figuras que muito contribuíram para o estudo e divulgação da actividade cinegética, mormente das suas regras e da ilustração ética que deve presidir à sua prática. Vem a propósito referir que o Centro de Estudos Aquilino Ribeiro – cuja primeira edição, 1ª série, dos Cadernos Aquilinianos remonta a Maio de 1992 – já em 2005 (1º e 2º semestres) editou um número temático com o nº 16 dedicado a “Serranos Caçadores e Fauna vária…” Aí figuram textos que Manuel de Lima Bastos escalpeliza com maestria retirando deles o sumo vital para esta sua bem sucedida empresa. Do filho do escritor, Eng. Aquilino Ribeiro Machado, recuperou Falando de caça, de caçadores e das leis que os regem (2005); de Sérgio Paulo Silva embrenhou-se em “Aquilino, Caçador de Imagens”, capítulo de Companheiros do Defeso - Com um Bornal Roto às Costas (2004) e, como cereja em cima do bolo, deambulou pela Arte da Caça, ensaio da lavra de Aquilino cujas incidências de escrita nos conta Henrique Almeida na Apresentação do nº 16 dos Cadernos Aquilinianos (2005):

A escrita desse “tratado” deve-se a um convite formulado ao escritor por Eurico da Costa quando preparava a edição da obra A Caça em Portugal, surgida inicialmente em fascículos e hoje de difícil acesso, apesar do seu inquestionável interesse. O projecto da Editorial Estampa de publicar “um trabalho exaustivo sobre a actividade venatória no nosso país, com todas as suas envolvências técnicas, socioeconómicas, culturais, humanas, etc.” não podia dispensar o contributo de Aquilino Ribeiro, tão devotado às lides de Santo Huberto. No Outono de 1962, o editor mostrou a Aquilino o plano de trabalho para dele obter o capítulo inicial, «A Arte da Caça». O escritor fitou-o “com uns olhos profundos, cor de cinza, no obscuro do seu gabinete de trabalho” e prometeu-lho dali a uma semana. O resultado aí está, servido em boa faiança literária, burilado com o conhecimento do linguajar e das artimanhas cinegéticas do genuíno caçador das serras, o "Homem da Nave”, que tão bem soube retratar “serranos, caçadores e fauna vária”... Tendo como intuitivo que a venatória nasceu com o homem e representa por isso uma necessidade”, fez fé no preceito de Xenofònte, de que o exercício da caça é “utilíssimo à saúde do corpo e da alma”.

É sobre este tratado que Manuel de Lima Bastos discorre abundantemente no 2º capítulo, retirando daí fecundos diálogos, mostrando que a arte da caça é também um saboroso exercício de companheirismo e de convívio ridendo castigat mores. Permito-me repescar um pequeno diálogo pois os demais terão os leitores que se surpreender quando lerem o livro:

Quando o padre Magalhães, entretido com a confecção do kentucki, não atirava de imediato à peça de caça que se lhe pusera a jeito, o Dr. Malaquias, ‘irreverente e malcriado’, havia de o azucrinar com a recomendação:

- Agora, abade, atire-lhe com um kyrie-eleison.

- Empresta cá a foice e o martelo que ainda o alcanço – retorquia logo o sacerdote que não precisava da licença do bispo para lhe responder à letra.

- Vai a mostrar-lhe os dez mandamentos…

- Não será o ‘Capital’ de Marx, seu bacharel das dúzias?

Pérolas como estas recolheu-as e lapidou-as Manuel de Lima Bastos e estão dispersas por toda a obra que, além da historiografia dos lugares e dos tempos, tem o seu eixo primacial na compreensão sociológica de um povo que, apesar das loas do progresso, ainda se mirra por estas Terras do Demo que, se não me engano, para nossa desgraça já ultrapassam em muito a geografia original com que Aquilino as aspergiu para serem específicas e cada vez mais delimitadas.

Também o cónego Manuel da Fonseca, amigo de Aquilino e penitente na velha Barrelas de um sino, ambos useiros em intermináveis dialécticas que envolviam, na caça, exorcismos, malhetes e triângulos não escapou à lupa literária de Manuel de Lima Bastos por via de um exórdio de Aquilino com que abre a publicação do cónego intitulada Terras do Alto Paiva.

De companheiros de caça e de escrituras, dispersas pelo Velho e Novo Testamento, chegamos à pág. 66. O capítulo terceiro dá início à via-sacra pelas obras de Aquilino. Jardim das Tormentas (1913) é obra parca em matéria cinegética. Via Sinuosa (1918), primeiro romance de uma trilogia continuada vinte e sete anos depois na obra Lápides Partidas, é onde encontramos o bom Sr. padre Ambrósio e a caça de premeio com algumas cenas de pesca. O romance Terras do Demo, de 1919, por estranho que pareça não se envolve nem com a caça nem com a pesca. Filhas da Babilónia, Andam faunos pelos Bosques e O Homem que matou o Diabo renderam algum pecúlio entrando até pelo campo da gastronomia.

Batalha sem fim (1932), romance que escapa à ambiência da Beira Alta e aos ares citadinos de Lisboa, faz-nos uma descrição da vida dos pescadores da praia do Pedrógão, Leiria. Quando ao Gavião Cai a Pena (1935) tem duas particularidades: as bizarrias do António das Arábias (um congénere do Malhadinhas) e o seu cão Pilatas, contadas por Manuel de Lima Bastos, deixam-nos com vontade de voltar também ao original. Volfrâmio (1943), para além de retratar uma época crucial na vida do país e da Europa, volta a recrear-nos com passagens de fino recorte literário onde a vida, assim descrita, parece um conto de fadas feito de coisas boas e de coisas más.

E quando pensávamos que Manuel de Lima Bastos remataria com uma boa mesa, farta de perdizes e lebres, com umas trutas de escabeche e um vinho palhete em sagrada abundância, ficámos a saber que isso só acontecerá na obra seguinte onde a caça e a pesca, depois de 1943, continuará a merecer aturada cirurgia a partir da obra de Aquilino que aguarda na sua banca de trabalho.

Fica também a prevenção de escritor por alturas do terceiro andamento do posfácio com que finaliza a obra: Não se confunda a mensagem com o mensageiro e por isso não troquem o inefável prazer de ler Aquilino por um outro gozo qualquer. Pois eu, que agora me vejo desobrigado desta apresentação, não posso deixar de estar de acordo acrescentando que, se querem um guia primoroso para nos conduzir através da mundividência aquiliniana, não têm melhor escolha do que os livros de Manuel de Lima Bastos que é já um dos maiores biógrafos de Aquilino e incontornável escritor no acesso ao que de melhor existe na língua portuguesa.

Jerónimo Costa,

Porto, 2 de Fevereiro de 2015