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Gilberto Bandeira, começa por evidenciar a preponderância da mulher na sociedade primitiva (em Cumme Villae), onde ela é o centro da família e do lar. Depois, (em a Tecedeira) salienta o poder do amor que amacia o coração empedernido e tirano do invasor romano. É também uma homenagem à sua mãe uma exímia tecedeira. Vem, em seguida, (em a Moura Encantada) a denúncia da ganância dos casamentos impostos pelos pais em que o amor é reprimido e leva à morte. Nem os membros do clero, que eram casados nos primórdios da cristandade, escapam à cobiça e à ganância. Zita e Tojeiro são dois contos onde se denuncia como se formou a primeira nobreza da nacionalidade. São dois contos baseados nas Inquirições de 1258 do Rei Afonso III. Na segunda parte do livro, que se inicia com a história dos Condes de Atouguia, donatários do Concelho de Monforte de Rio Livre, do qual a paróquia de S. João Batista era a mais importante, Gilberto Bandeira, contesta o epíteto de traidor com que a história caracteriza o Alcaide-Mor de Chaves D. Martim de Ataíde, pois embora o Mestre de Avis tenha cercado a cidade para o obrigar a tomar partido por Ele e D. Martim só ter cedido com autorização do rei de Castela, D. João I de Portugal não devia considera-lo como traidor pois entregou a guarda dos seus primeiros 4 filhos (D. Duarte, D. Pedro, D. Henrique e D. Isabel) a D. Mécia Vaz Coutinho esposa do Alcaide. Mais tarde dois dos filhos de D. Martim foram governadores da casa de D. Pedro (Álvaro de Ataíde) e do Infante D. Henrique (Vasco de Ataíde), sendo que D. Álvaro foi ainda aio de Afonso V e Alcaide-Mor de Coimbra, antes de se tornar Conde de Atouguia. D. Vasco morreu no cerco a Ceuta em cuja conquista participaram os dois irmãos ao lado dos príncipes. Portanto, na opinião de Gilberto Bandeira, o Rei não considerava D. Martim como traidor, mas fiel servidor de quem lhe fazia benesses, como fora o caso da Rainha D. Leonor Teles. Em Bandeiras Despregadas, Gilberto Bandeira, tece um hino ao conviver do povo simples, quando é respeitado pelo poder. Este conto é também um belo cartaz turístico da região de Trás-os-Montes. Baseado na história verídica do apelido Bandeira, Gilberto aproveita para enaltecer o futuro rei D. João II que se preocupava mais com os seus súbditos do que com a nobreza e por isso foi apelidado de Príncipe Perfeito. O mesmo não aconteceu com os reis seguintes de que apenas cita D. Manuel I que se aproveitando da sua ligação ao Papa consegue que várias igrejas contribuam para a sua megalomania, a pretexto de financiarem a Ordem de Cristo. Gilberto não fala dos reis seguintes porque é bem conhecida a ligação destes à fatídica Inquisição e à perda da nacionalidade. Em O Fim dos Bragançãos denuncia a IV dinastia que se foi isolando das suas origens e as deixou ao abandono, o que originou o fim da Monarquia. Em Thalassa descreve os tempos conturbados do início da República e a chegada do Estado Novo. Os contos seguintes (Paisagem Campestre, Prendam-me Esses Guardas e Clandestinos) descrevem-nos, em situações por si vividas, a vida difícil das gentes da aldeia, no tempo da Ditadura. Da mesma época é também o conto A Santa da Ribeira, baseado na crendice e religiosidade do povo simples. Termina o livro descrevendo o que foi a alegria de voltar a ser livres (em A Liberdade) e manifestando as suas preocupações ecológicas com a fábula «Uma Gota de Água e a Nascente Desta Ribeira» Orlando Jorge |
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