b
![]() |
|
CARLOS JOSÉ GOMES PIMENTA ALGUMAS PUBLICAÇÕES EM QUE É AUTOR, CO - AUTOR, ORGANIZADOR, CO -ORGANIZADOR 1) A ESCRITA CONTRA O SILENCIO – Crónicas sobre Fraude – Editora Húmus –(2021) 2) PERCEÇÃO DA FRAUDE E DA CORRUPÇÃO NO CONTEXTO PORTUGUÊS -Editora Húmus (2014) 3) PENSAR A ECONOMIA (Introdução à Economia) - 10 ano – Porto Editora (1996) 4) PENSAR A ECONOMIA – 11o ano – Porto Editora ( 1996) 5) AS FALSIFICAÇÕES E O BEM ESTAR – Editora Húmus (2021) BIBLOS - Revista da Faculdade de Letras da U. Coimbra (2019) 6) INTERDISCIPLINARIDADE NAS CIÊNCIAS SOCIAIS – Editora Húmus (2013) 7) PARTE DOS SALÁRIOS NO RENDIMENTO NACIONAL – Edição de Autor (1972) 8) 110 ANOS, 110 POETAS – Antologia Comemorativa dos 110 anos da Universidade do Porto Coleção Fora de Série da Universidade do Porto (2021) 9) OS SALÁRIOS EM PORTUGAL - Editora Caminho (1989) 10) GLOBALIZAÇÂO- produção, capital fictício e redistribuição – Editora Campo da Comunicação (2004) 11) OS OFFSHORES DO NOSSO QUOTIDIANO – Editora Almedina (2018) 12) COMO FAZER O CONTROLO DA PRODUÇÃO – Editora Seara Nova (1976) 13) MONOPÓLIOS E POLÌTICA ANTIMONOPOLISTA NO PORTUGAL DE HOJE – Editora Limiar (1975) 14) UM OLHAR SOBRE OS RANKINGS – Fundação das Universidades Portuguesas (CIPES)-(2004) 15) HETERODOXIAS E O CONCEITO DE PROCURA - Universidade Coimbra (1998) 16) APONTAMENTOS SOBRE ECONOMIA E LÓGICA -Universidade de Coimbra (2002) 17) FRAUDE EM PORTUGAL- Causas e Contextos - Livraria Almedina (2017) 18) RACIONALIDADE ÉTICA E ECONOMIA - Livraria Almedina (2017) 19) CONTRIBUTOS PARA A CARACTERIZAÇÃO E EXPLICAÇÃO DA INFLAÇÃO EM PORTUGAL - TESE DE DOUTORAMENTO (1985- ISEG). Revista em 2011/2016 e disponibilizada eletronicamente 20) CORRUPTION, ECONOMIC GROWTH and GLOBALIZATION - Routledge Editors (2016) 21) A FRAUDE ECONOMICO FINANCEIRA E o ENSINO - CARLOS PIMENTA - Última Aula e Jubilação - Editora Húmus (2019) 22) INTERDISCIPLINARIDADE, HUMANISMO, UNIVERSIDADE -Campo da Comunicação (2004) 23) SALÁRIOS E PREÇOS NO SECULO XIX EM PORTUGAL- ANÁLISE ECONÓMICA- Universidade Coimbra (1983) 24) CONTRIBUTOS PARA A REVITALIZAÇÃO DA UNIVERSIDADE EM ANGOLA -Fundação Gomes Teixeira - Universidade do Porto (1996) 25) ECONOMIA PORTUGUESA -UMA EXPERIÊNCIA, UMA ANÁLISE - Editorial Caminho 26) LA STRATÉGIE NATIONALE DU PORTUGALDE 1926 à NOS JOURS -CETAI (2000) 27) CARTA EDUCATIVA DO VALE DO SOUSA - Ministério da Educação (DREN) -2001 28) A ECONOMIA NÃO REGISTADA NA REGIÃO AUTONOMA DOS AÇORES _ Editora Húmus (2019) 29) CURVA DE PHILIPS EM PORTUGAL (Lisboa e Porto) - M.E. (1983) |
Carta à mulher e aos filhos Querida Fernanda, queridos filhos O meu pai quis por várias vezes conversar comigo sobre coisas relacionadas com a sua morte. Como reacção normal de todos os filhos recusei-me sempre, de forma amável e compreensiva, a fazê-lo. Quando a morte interrompeu o seu caminhar percebi que talvez tivesse vivido ligeiramente angustiado por essa conversa nunca se ter realizado. Com esta experiência passada não vou pretender falar com vocês sobre estes assuntos, mas tranquilizo-me deixando aqui a minha opinião sobre diversos assuntos. Esta carta foi escrita numa ocasião em que não tenho nenhuma perspectiva de morrer. Estou de saúde e bem disposto. Também estou com plenas capacidades metais. Estão, pois, reunidas todas as condições para esta conversa serena sobre um assunto tão natural como a vida. Provavelmente somos o único animal que pensa e teoriza sobre a morte. Fazemo-lo com o orgulho de sermos racionais e, no entanto, só lançamos sobre o nosso quotidiano uma angústia que não tinha razão para existir. Começo por pedir-vos que não fiquem tristes. Não há nenhuma razão para isso. Tristeza haveria, e muita, se houvesse uma inversão na sequência da vida, se fosse eu a assistir à morte, ou à menor saúde, de algum de vocês. Tristeza haveria se fossemos imortais. A invenção humana da “eternidade” só é perigosa em vida e não na ausência dela. O meu percurso nunca estará feito até ao momento da morte. Em cada momento o desejo de ir mais longe constrói o meu presente. Mas quando ele acabar posso dizer com satisfação que não sobrevivi, vivi. Tive uma família maravilhosa, tenho dois filhos de que me orgulho, tenho netos que me encantam, tive o amor da Fernanda. Deixei as marcas da minha presença por muito ténues que fossem, na luta política, no debate de ideias, na formação de algumas gerações seguintes, nos textos que publiquei. Certamente que tive tristezas, mas quem as não tem? Aqui para nós que ninguém nos ouve só houve uma coisinha que gostava de ter feito, mas para a qual não tinha qualquer capacidade: escrever um romance que fosse um marco na arte de bem escrever. Depois da morte não há futuro (nem presente, nem passado). Por isso não tenho pensado seriamente no que gostaria que acontecesse depois da morte, mas admito que também nessas coisas há que introduzir alguma poesia e não incomodar muito os que cá ficam. Por isso acho que a melhor solução é ser cremado e, se tiverem paciência para tal, deitar as cinzas ao mar – a bordo um barco, nem que seja a remos – ao som de uma música de Chopin. E, sobretudo, com um sorriso nos lábios, verdadeiro, sentido. Quanto ao que deixo apenas peço que não se preocupem muito em pensar o que gostaria que vocês fizessem. O que vocês fizerem está bem feito. Estou a pensar nos livros, muitos deles domesticados com as minhas anotações, sem esquecer os milhares de textos electrónicos. Estou a pensar na colecção de selos, que gostaria de deixar toda organizada, classificada e avaliada, mas para o que dificilmente terei tempo, porque tenho outras prioridades. Façam dela o que achar por bem: é uma boa colecção. Procurem no computador os dados da sua organização e nos armários do escritório a dita cuja. O fundamental não é nada disso. O fundamental é o amor que vos continua a unir. O fundamental é o que publiquei ou escrevi e nunca cheguei a publicar. O meu único pedido tem exactamente a ver com os meus escritos. Gostava que o site onde tenho procurado disponibilizar tudo o que escrevi (em sentido lato, incluindo gravações sonoras e filmes) se mantivesse activo enquanto os sites tiverem existência. E se encontrarem nos discos e no computador textos e outros registos que ainda não estejam lá tivessem a amabilidade de os colocar, quiçá com alguma observação. Livros e artigos, conferências e comunicações. Publicados, transmitidos ou mantidos secretos. Completos ou inacabados. De infância, juventude ou idade madura. De intervenção política ou investigação científica. Tenham paciência para este último pedido. Queridos, amem a vida, construam à vossa maneira o futuro e, se puderem, deem uma ajudinha a destruir os tiranos dos povos e do nosso país. Muito, mesmo muito amor e ternura para vocês. |
LIVROS DISCOS LIVROS DISCOS LIVROS DISCOS LIVROS DISCOS LIVROS DISCOS LIVROS DISCOS