A UMBRIA
Ezio Valecchi (1923)
Quando estonteada por um longo sono,
Acordei algo maravilhada
Dei-me conta que Deus me tinha criado
Mesmo aqui, no centro do mundo.
Quem havia de pensar, "cum caraças",
Que eu, pouco maior que uma serra,
Seria o centro da terra.
Nada me falta, vivo em estado de graça.
Tenho um rio, tão conhecido,
Montanhas, colinas, a planície,
Lagos, as nascentes de água pura
E uma cascata de cortar o fôlego.
Tenho certos produtos alimentares
Originais como o DOP e DOC
Que agradam a todas as bocas
Pois como eles não há igual.
E não é só. São tantas obras de arte,
Esplêndidas, sugestivas, majestosas
E antigas que cá temos, tão famosas
Que aqui as vêm ver de toda a parte.
Sobretudo aqui, num castelo meio redondo,
Também ele bastante conhecido
Onde, para quem não saiba, se situa
O teatro mais pequeno do mundo.
Cá nasceram tantos personagens
Célebres, que a todos fazem inveja:
Guerreiros, literatos, artistas e santos
Que agora disso, gozo as vantagens.
Não é que tenha um grande portefólio;
Porém, sou rica de história antiga.
A mim, Umbria verde, nada me falta
Até tenho o trevo de quatro folhas.
Serei uma região pequenina,
Mas quando na Lua me espelho
Ou no Sol, digo: - Mas que sorte
Tive. Que bonita que eu sou.
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