De facto, a mesa magn fica, oblonga, marf nea, pensada para dois, um em cada ponta, defendendo-se cada qual de restos de poeira, v rus, protegido o ADN privado: a vida tem mist rio a decifrar por cada qual, ao longo do tempo...
Tal mesa ficar na mem ria, parece pensada para filmes fant sticos a partir de di logos extravagantes, qui extraterrestres; o que n o escutar a mesa... vale nada poder transmitir. Se tal fosse poss vel, a guerra de que se fala h dias j teria come ado; e l se ia o mist rio... Clicamos de uma esta o televisiva para outra, s para saber se naqueloutra o conflito j ter come ado; assim, se mudarmos indefinidamente, deixa de haver hip tese b lica, n o daremos tempo a que os irm os metralha fa am das suas; que uma guerra, na atualidade, perdeu todo e qualquer elemento ansioso, tornou-se coisa r pida, qual bebida que Mr. Putin ter sugerido a M. Macron que, afinal, o primeiro n o queria oferecer nem o outro aceitar.
Mal acordamos, o primeiro pensamento corre para a Ucr nia; e respiramos aliviados: ainda n o foi desta... E n o ser ?
Em determinado livro de uma escritora portuguesa ainda viva, afirma-se que certa personagem, Thomas Kressler, estaria longe de imaginar que o testemunho ficcional, pejado de verdade e intriga, pudesse ser magnetizado pela b ssola da Hist ria; de repente, n o fossem a mem ria dos homens e os arquivos imensos vis veis e patentes, ou talvez escamoteados nas catacumbas do Poder, aguardando momento prop cio, que raramente chega - os acontecimentos, em atropelo, deixam qualquer perplexo -, estaria inutilizada, a humanidade teima no descalabro, no desatino. Acontecimentos recentes a Leste da Europa, no pa s romanticamente denominado das estepes, levam a que numa narrativa historiogr fica, o texto percorrido pela tempestade da Hist ria, o tal sopro provindo do Para so, a empurrar o Anjo de Klee adotado por Walter Benjamin para o futuro, em obsidiante dial tica...
Nesta empena do mundo, J o abandonara, assim Joyce, G. Stein, at Brecht; seria a guerra fria e ainda n o fora a Primavera de Praga. Todavia, a tempestade arrasta, de s bito, at ao meu ouvido treinado, deformado qual camp nula para captar sinais o escritor um decifrador de tra os, esquadrinha os passos da Hist ria, justapondo-se-lhes , o grito rouco dos pav es enraivecidos correndo, arrastando caudas, as fortes garras esgravatando, em redemoinhos de poeira... Estes em Gori e, quanto a mim, metaf ricos, numa tentativa da captar-vos para o terreno da ilus o, pois tudo haver de concertar-se, sempre se concerta, entre meias verdades e promessas por inteiro...
Se escutarmos os pav es em Gori, espraiemo-nos pela met fora, dialoguemos com a Hist ria, ela est a , pronta a guiar-nos pelo exemplo do passado: mais uma vez, as mesmas pot ncias decidem provocar-se entre si, e de caminho outras. Durante a Guerra Fria, os pav es aquietaram-se, pelo menos Thomas Kressler deixara de ouvi-los.
No pa s amado por todos os escritores, o de Tolstoi, Dostoyewski, Pushkin, Nabokov, com uma mem ria da Hist ria fenomenal, parece ter brotado algo a alimentar-se nos traumas do passado...
la table!!!
Resta-nos iluminar o presente falando do pret rito.
No contexto atual, toda a base factual deixa de ser dependente dos detentores do Poder que divulgam e escondem, segundo a conveni ncia, como sempre...
Une pomme sur la table / ta robe sur le tapis ... Tal enunciado introduz a lux ria... Entrar-se-ia noutro mundo; se assim tivesse come ado o texto...
Entretanto, pergunto-me: ter-se- iniciado mais uma guerra?... Todavia, se quiserdes saber, estes momentos de aliena o textual livraram-me da inquiri o; n o da preocupa o.
O milagre das palavras...
18.02.22