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PALCO 196 – BALANÇO DO ANO 2023


Por Roberto Merino


PALCO 196 – BALANÇO DO ANO 2023

No plano Nacional a queda do Governo coloca-nos novos desafios para os idos de março, vamos esperar pelo bom senso dos eleitores e pelo triunfo, uma vez mais, da democracia portuguesa!
Lamentar mais de 10.000 sem abrigo em Portugal, quando em Lisboa se constrói, na Graça, um Tl com o valor de 450.000 euros! Vergonha total!
No plano internacional lamentamos a continuação da guerra na Ucrânia e o novo conflito entre Israel e a Palestina - de frisar que não é contra o Hamas, é contra a Palestina! - conflito que parece acentuar-se e que poderá prolongar-se no ano 2024. Os 50 anos do Golpe de Estado no Chile, e a morte de Joan rner, a viúva de Victor Jara, pouco antes da extradição dos USA do assassino do seu marido. Após a morte de Vítor, Joan dedicou-se a perpetuar a sua memória, o seu trabalho e os seus valores. Em 1984, escreveu Uma Canção Inacabada: Vida de Victor Jara e fundou a Fundação Víctor Jara.
Boa notícia: Trump impedido de participar nas eleições primárias do Colorado em 2024. Foi a primeira vez que um tribunal impediu um candidato presidencial de participar numas eleições, ao abrigo de uma disposição da Constituição de 1868 que impede os radicais de ocuparem cargos. (DN 20 Dezembrc 2023) - Vamos esperar pelo resto dos acontecimentos nos USA.

No plano teatral, o Teatro Nacional São João/TNSJ afirma-se como o melhor e mais activo espaço de representação, acolhimento e experimentação teatral do norte do País.
Com belas produções, entre as quais podemos destacar como espectador: As Bruxas de Salém de Arthur Miller, Um Sonho de Strindberg, O Canto do Cisne de Tchekhov, e ainda Suécia, primeira experiência teatral de Pedro Mexia, todas com encenação de Nuno Cardoso, excepto Um Sonho, encenada por Bruno Bravo. Também tivemos Longa Jornada Para a Noite, de Eugene O'Neill, coprodução entre o TNSJ e o Ensemble Sociedade de Actores, com encenação de Ricardo Pais. Assinala-se o regesso de duas produções a partir da obra dramatúrgica de Bernardo Santareno (1920-1980). "Numa sessão dupla dedicada a um dramaturgo único. Com o mesmc elenco de atores e no interior do mesmo dispositivo cenográfico, o encenador João Cardoso promove o encontro e o diálogo entre dois espetáculos recentemente estreados nos palcos do TNSJ.
No coração deste resgate encontramos Bernardo Santareno (1920-1980), dramaturgo decisivo do século XX português, "um talento obsessivo e sombrio", nas palavras de Jorge de Sena. Promessa (1957) e O Pecado de João Agonia (1961)"(infonnação TNSJ).

Também foi o ano do lançamento de 25, álbum fotográfico que celebra um quarto de século de existência do Ensemble Sociedade de Actores, que integra entre outros, Jorge Pinto e Emília Silvestre. E da homenagem em que o TNSJ, prestou um tributo à poeta Ana Luísa Amaral (1956- 2022), com uma leitura encenada dos seus poemas e dos de autores que traduziu.
Nos dias 11 e 12 de dezembro o Teatro Nacional São João acolheu a primeira Conferência Internacional do ARTHE Arquivar o Teatro, um projeto do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

A continuidade do FITEI/ Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica em 2023, inaugurado oficialmente em 1978, que este ano reafirmou a sua importância na divulgação digital da sua programação; novembro foi o último momento de programação do FITEI Digital em 2023. Ao longo deste ano, que marcou o início da existência pós-pandémica da plataforma, construímos uma programação heterogénea e internacional, apostando sempre na difusão e produção de projetos que transportam a ideia de performance - e de presença - para a esfera digital. Entre eles, contamos a primeira encomen original do festival, integrada na Coleção Original, alguns trabalhos adaptados, pela primeira vez, para um contexto online, e espetáculos e curtas-metragens com circulação prévia.
No total, são 15 os artistas/ companhias que ocupam a nossa plataforma este ano. (informação do Fitei-23)

A realização do V Festival Internacional de Teatro José Guimarães, organizado pela Tuna de Santa Marinha - Vila Nova de Gaia, na qual participaram além das companhias profissionais de Teatro, as escolas de teatro da cidade do Porto; o Ballet Teatro-Escola Profissional do Porto e a licenciatura em Teatro da Escola Superior Artística do Porto/ ESAP.
E como sempre o regresso do Fantasporto, a bela obra cinematográfica/festivaleira idealizada por Mário Dorminsky Beatriz Pacheco Pereira, na 43. a edição do festival, que este ano aconteceu entre os dia 24 de fevereiro e 4 de março, no histórico Cinema Batalha, agora denominado Batalha / Centro de Cinema.

O Batalha/ Centro de Cinema cumpriu este mês um ano de atividade cheio de ciclos, exibições e sessões académicas; um êxito total de público e audiência!
E cumpriu-se uma vez mais o encontro com o FIMP/Festival Internacional de Marionetas do Porto, cujos objectivos estavam direcionados à: "Memória, imagem e manipulação. programação do fimp'23 articula, na sua pluralidade, combinatórias possíveis entre estes conceitos. A experiência subjetiva da vida a acontecer, num mundo sempre em movimento, inspirou a montagem de alguns dos espetáculos que se apresentam. Lembrar e esquecer, evocar e reconstruir, atualizar - tudo isto são funções da memória que operam a partir da criação e da manipulação de imagens. Nesta edição também no encontro de cada um(a) de nós com a História, enquanto processo de transformação social e política que somos interpelados" (FIMP/23)
Lamentamos as mortes do encenador Carlos Avilez (1935- 2023), o encenador experimentalista e fundador do Teatro Experimental de Cascais, e mais próximo de nós, nas cercanias, o desaparecimento de Manuel Ramos Costa, fundador e encenador da Companhia de Teatro Contacto, de Ovar. Nascido no lugar da Ribeira, em 1956, foi neste ambiente de costumes e tradições ancestrais respeitosamente preservadas, que se desenvolveu o espírito irrequieto e criativo de Manuel António da Silva Costa — o seu nome de registo e de baptismo -, que viria a desabrochar no escritor, no poeta, no pintor, no dramaturgo.

E desejamos um Bom Ano 2024, cheio de Teatro e PAZ!



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