Espaço Associados


      


54 ANOS


por Celso de Lanteuil




Estamos em uma livraria. Não é um lugar qualquer. É uma livraria com muitas raízes, com muita “gana” de ser. É a livraria UNICEPE que prossegue na sua essência de existir, sob a batuta do “maestro das artes”, o Rui Vaz e sua equipe de colaboradores. Nessa tarde, boas energias voltam a nascer. Celebramos os seus 54 anos.

O pintor Adão Cruz, através de algumas das suas telas, nos oferece uma pequena amostra da sua arte, um “universo de sentimentos” em cores. Ele é o primeiro a nos dizer: Sem gozo não há prazer!

Pois é, sem gozo não dá. Sem prazer não existe vontade que resista. A fome de existir, a sede de renascer, é aquilo que nos faz abrir portas e janelas, e nos leva a olhar para fora de casa, para longe de nós, a nos instigar a repensar os nossos caminhos.

Foi pensando dessa maneira que o editor José Moças, da Tradisom, nos explica a sua motivação em promover esse magnífico trabalho de arte do grande instrumentista e compositor português Júlio Pereira, o disco Praça do Comércio, CD e LP, cujo resultado final é um primoroso trabalho musical, acompanhado de um projeto gráfico lindo, moderno e ousado.

Mas essa tarde de celebração não fica por aí e o antigo associado Faria Teixeira, compartilha suas andanças com os presentes, ao ler trechos de algumas passagens do seu primeiro livro, Clépsida – Mentiras mal Contadas. Pois cabe ao Rui ler um dos seus poemas, cuja voz tem dificuldade em prosseguir diante da emoção que ali vemos nascer. E, após um novo relato, me vejo a refletir:

As mulheres sem cabelo
Entram e saem do medo
Ao lutar contra as dores
Num tratamento de horrores;

Observam cair os cabelos
Assim como desaparecem certos sonhos
Desta medicina que insiste
Na sobrevida do corpo;

As mulheres sem cabelo
Lutam contra todos os conceitos
Desde a estética que nasce da quimioterapia
Até o preconceito do medo…

Antes de cantarmos os parabéns para a UNICEPE, temos a oportunidade de ouvir o professor Eduardo Costa, acompanhado de alguns dos seus alunos, nos apresentar os segredos da viola Amarantina. El Condor Passa conforme seguem as notas da viola. Aquela melodia nos coloca próximos do voo do pássaro que sobrevoa a livraria no seu aniversário 54. E eu, ainda ganho um especial presente. O visionário Arnaldo Trindade, na sua plena lucidez cultural e sabedoria de vida, me apresenta o “Poema para uma nuvem”, de Manuel Dias da Fonseca (também associado da UNICEPE):

“Azul é cor do vento
É a cor dos teus olhos negros
É a cor do que é distante”

Cantamos os parabéns, confraternizamos e vamos para os nossos destinos, com o espírito renovado.

19/11/2017
Celso de Lanteuil



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