Espaço Associados
Cochinchina, Indochina e Sião
por Miguel Boieiro
Uma plêiade de felizes coincidências proporcionaram uma viagem de sonho por paragens frequentadas pelos Portugueses de quinhentos, mas que hoje ficam deveras distantes. Foi uma oportunidade que nos caiu do céu, se é que o céu existe, cujas emoções sentimos o dever de partilhar.
Não sendo fácil a tarefa, regista-se, no entanto, algo para tentar espicaçar os sentidos de quem gosta de viajar a fim de aprender e fruir.
Pois foi o nosso amigo Engº João Águas, exímio gerente da Agência de Viagens Onda Costa, que nos desafiou para esta aventura de 20 dias, integrando um grupo solidário de seis participantes: Marina, Vera, Ana, João, Manela e este escriba. O programa, meticulosamente organizado, permitiu incursões em quatro países, a saber: Malásia, Tailândia, Vietname e Singapura. A parte mais substancial do percurso constou de um cruzeiro de 10 dias no paquete de luxo Celebrity Constellation.
Para não enfastiar os leitores, iremos apenas focar alguns aspetos que mais nos sensibilizaram nas paragens visitadas, sabendo, de antemão, que as observações e sensações colhidas divergem de pessoa para pessoa. Portanto, o registo que a seguir se efetua não deixa de ser pessoal, parcial e incompleto e conterá, porventura, lapsos, dos quais desde já se pede a benevolência de quem tiver a paciência de nos acompanhar neste modesto relato.
Kuala Lumpur
A faustosa capital da Malásia agrega um misto de opulências, bem exemplificadas pelas famosas torres Petronas agregadas ao moderno centro comercial Suria e de curiosidades oriundas das atividades comerciais e religiosas de chineses, indianos e malaios.
De salientar que a Malásia, estendida numa alongada península, pelo território de Sarawak e por uma infinidade de ilhas e ilhotas, tem 28,8 milhões de habitantes, dos quais 62% são de etnia malaia, 26% de etnia chinesa e 7% de etnia hindu. Tal diversidade, bem patente em costumes e manifestações religiosas, apresenta, mormente para os europeus, curiosas seduções, embora se multiplicassem os avisos de que os templos são prioritariamente para respeitar e não apenas para desfrutar turisticamente. Em Kuala Lumpur visitámos o templo hindu mais antigo da cidade e um templo taoista. Lamentavelmente não lográmos entrar na mesquita Masjd Jamek, por se encontrar em obras de restauro. Na Malásia 65% da população professa o credo muçulmano.
A Dataram Merdeka, perto da citada mesquita e enquadrada pelo palácio Abdul Samad, é a grande praça mais importante da cidade. Foi aí que foi proclamada a independência do país em 31/08/1957, sendo palco de muitas manifestações artísticas, desportivas e cívicas, entre as quais a famosa Merdeka Parada. Perante os preciosos objetos à venda nas várias lojas, os turistas são avisados: “nice to see, nice to hold, once broken considered sold”.
Calcorreámos várias zonas da cidade observando as indicações escritas nas duas línguas oficiais: o inglês e o malaio. Neste último idioma, expresso em alfabeto latino, conseguimos encontrar uma palavra que, talvez, tivesse tido a influência da língua portuguesa. Referimo-nos a Gereja, que estava a assinalar um templo presbiteriano e que talvez provenha do nosso vocábulo “igreja” Será?.
Passámos pelo grande edifício da Bolsa com parque de estacionamento cheio de motorizadas, onde avistámos a estátua do touro (ações a subir) e a do urso (ações a descer).
Subimos à Menara Kuala Lumpur a torre mais alta da cidade com 421 metros de altura, mas a neblina não nos permitiu que desfrutássemos do afamado pôr-do-sol.
Batu Caves
Trata-se de um templo hindu que dista 13 km de Kuala Lumpur. Encontra-se inserido numa gruta, a qual se alcança subindo uma estafante escadaria. É dedicado ao deus Murugan que tem uma enorme estátua dourada na base do santuário. Local de peregrinação e de festivais, sempre cheio de turistas, possui ainda a particularidade de ser povoado por macacos atrevidos que, saltitando de um lado para o outro, costumam surripiar os comestíveis dos visitantes mais distraídos.
Alojamento
Em K.L. ficámos primorosamente instalados no hotel Metro 360 que fica situado numa zona com muito comércio, principalmente restaurantes de todos os tipos.
Tivemos a oportunidade de folhear o “The Star”, jornal com 68 páginas, procurando, em vão, notícias do nosso País. Apenas na parte desportiva havia indicações dos portugueses, atualmente mais ilustres para esta gente: Mourinho e Ronaldo. Um dos títulos era “Ron and Co fall to Celta de Vigo” (Ronaldo e companhia caíram perante o Celta de Vigo). M’sia é a abreviatura de Malásia e S’pore, a abreviatura de Singapura.
Phuket
Ficámos alojados durante cinco dias no Thai Palace Resort desta turística ilha tailandesa. Tomámos banho nas praias de Laem Ka, de Rawai e na piscina do complexo, rodeada de vegetação onde sobressaiam as orquídeas, parasitando nos troncos do arvoredo. A água era sempre agradavelmente tépida. Marginando as praias havia inúmeros restaurantes de culinária local (bom peixe), chinesa, vietnamita, japonesa, italiana, alemã …
Foram efetuadas várias excursões:
1 – James Bond Island
Esta ilha ficou famosa após uma filmagem da série policial 007. Situada no chamado Mar de Andaman, é considerada um dos maiores cenários fotogénicos do mundo com fotografias que aparecem em quase todos os prospetos turísticos da Tailândia. A “areia” da praia é constituída por pequenas conchas partidas. Na parte mais paisagística, naquela em que se divisa o melhor panorama do singular rochedo erguido verticalmente do mar, inúmeras lojas de comerciantes muçulmanos, ostentavam atraentes “souvenirs”. Foi aí que a nossa amiga Marina perdeu a sua máquina fotográfica. Nesta memorável digressão assinala-se também o passeio de caiaque para observar as grutas escavadas nos rochedos marinhos e as suas estalactites. Deslumbrante! Navegámos depois sempre à vista de ilhas rochosas, algumas habitadas em aldeias de palafita por pescadores muçulmanos, apelidados de ciganos do mar. O dia terminou num complexo onde montámos elefantes que percorreram um pequeno troço lamacento e assistimos a “shows” proporcionados por macacos e elefantes amestrados. Havia uma parte museológica com artefactos agrícolas e uma informação sobre as árvores-da-borracha, a recolha do cauchu através de incisões nos troncos das seringueiras e a instalação de cacos que fazem lembrar os que existem no nosso país para obter a resina dos pinheiros. A Manela aproveitou para colar a sola da sandália que se tinha despegado.
2 – Ilhas Phi Phi
(atenção: lê-se pipi)
Após uma hora de viagem em transporte improvisado, mudámos para um autocarro com ar condicionado que demorou quase outra hora a chegar ao porto de embarque que distava 25 milhas (40 km) da ilha principal do arquipélago paradisíaco das Phi Phi. Fomos recebidos com café, chá e bolachas mas tivemos que nos descalçar (?). Chegámos finalmente à primeira ilha, denominada Khai Nai. O Maya Bamboo fundeou ao largo e seguimos em pequenas lanchas até à praia. Aqui é que a coisa correu mal porque ao saltar, caí à água e encharquei a saqueta dos pertences. Felizmente que os papéis estavam envolvidos em sacos de plástico e nada se estragou. Depois de uma banhoca nessa praia coralina, voltámos ao barco onde nos foi servido um belo almoço tailandês em sistema de “buffet”. A viagem continuou sempre à vista de luxuriantes ilhotas até pararmos ao largo da praia dos macacos, assim chamada porque os citados bichos andavam na praia ao lado dos banhistas. Quem quis, envergou colete salva-vidas e óculos e mergulhou nas águas tépidas para melhor ver a fauna piscícola composta por milhares (sem exagero) de peixes esverdeados com riscas escuras que se concentravam aos magotes para comerem os pedacinhos de pão que lhes lançavam. Finalmente o barco atracou na ilha principal, a Phi Phi Don. Ao desembarcar cada passageiro teve de pagar 20 bahts correspondente à taxa de higiene. Percorremos um troço de uma rua estreita, marginal à praia, pejada de lojas e restaurantes, mas tivemos que regressar apressadamente pois começou a cair uma chuvada forte. Foi mais uma hora e meia a navegar e depois mais uma hora de carro com tráfego infernal até regressarmos ao Thai Palace.
3 - Digressão pela ilha e show no Cabaret Simon de Patong
No último dia em Phuket fomos à praia Nai Harn onde tomámos uma boa banhoca, ao jardim botânico, o qual se pormenorizará em texto separado, seguindo depois para Patong, cidade muito movimentada que parece ser o auge turístico da ilha. Depois de petiscarmos no buliçoso mercado das frutas, assistimos ao espetáculo de hora e meia no cabaret Simon repleto de turistas, atraídos pelas lindas “bailarinas” que nos informaram serem afinal rapazes transsexuais. Para viagem de retorno, após muito negociar, o João Águas lá conseguiu um transporte adequado por 600 bahts.
O Cruzeiro
Seguimos de avião para Singapura para iniciar o cruzeiro no CELEBRITY CONSTELLATION, enorme e luxuoso paquete supermoderno que transportava 3 mil pessoas (dois mil passageiros e mil tripulantes). Havia de tudo neste barco espetacular: restaurantes com comida farta e variada, bares, piscinas, jacúzi, sauna, talassoterapia, lojas, casino, museu, biblioteca, sala de computadores, salão para cerca de mil espetadores onde decorriam todas as noites “shows” de música, dança e acrobacia, aulas de dança e de fitness, … Havia 11 “decks” (andares) servidos por vários elevadores. O asseio e o conforto proporcionado aos passageiros, a maioria de idade avançada, provenientes de todas as partes do mundo mas em que sobressaíam os americanos, chineses e russos, eram impecáveis. Não vamos avançar com mais detalhes para não sobrecarregar esta croniqueta já de si bastante longa.
Ko Samui
A primeira paragem foi nesta ilha que é a terceira maior da Tailândia. O paquete lançou ferro longe da costa e tivemos que seguir em pequenos barcos que levaram cerca de 20 minutos a atingir o litoral. Destacamos a visita a dois santuários budistas, à praia de Chaweng que devido à forte ondulação tinha hasteada a bandeira vermelha, a Hinta com a lenda do avô Kreng e da avó Rien, cujos “instrumentos” fálicos se encontravam nas rochas graníticas esculpidas pela natureza e, à cascata Na Muang.
Bangkok
Atracámos em Laem Chabang, porto de águas profundas que serve a capital da Tailândia que fica a duas horas e meia se não houver demasiado trânsito.
Bangkok tinha no dia 29 de janeiro uma temperatura de 37 graus mas, curiosamente, havia pouca humidade. Vimos o mercado flutuante (flores, bugigangas e muita comida), a Chinatown, santuários budistas e o Grande Palácio Real
que constituiu a parte substancial da visita. Neste admirável complexo, edificado no século XVII e que ostenta mais de trinta monumentos, uma multidão de turistas fotografava freneticamente tudo o que lhes surgia à frente. Mas havia regras a cumprir: as companheiras Vera e Marina tiveram que adquirir, por bom preço, vestes mais recatadas para poderem entrar porque o local é sagrado. Anote-se a enorme fila de tailandeses envergando trajes negros que vinham prestar homenagem ao rei falecido em dezembro último. Esses tinham naturalmente a prioridade nos circuitos estabelecidos. O luto pela morte do rei decorre durante dois meses. Tecidos enrolados de cor branca e preta, ladeando os edifícios públicos, bem como grandes cartazes com a fotografia do falecido, viam-se profusamente por toda a Tailândia.
Pattaya
É uma das maiores cidades da Tailândia, famosa pela sua baía, formando uma extensa praia de areia dourada. Igualmente relevante é o Santuário da Verdade, templo budista de arquitetura khemer todo construído em madeira de teka. O comércio é intenso. O condutor levou-nos no final aos grandes armazéns Lukdod Shop onde o pessoal gastou os derradeiros bahts.
Ho Chi Minh
Navegando, chegámos finalmente ao Vietname. As estruturas portuárias que servem a cidade de Ho Chi Minh (antiga Saigão) ocupam uma extensa área. A cidade fica a cerca de 2 horas se não houver engarrafamentos de trânsito. Não houve, contrariamente ao que aconteceu na Malásia e na Tailândia. Aventemos uma razão: as pessoas deslocam-se principalmente em motorizadas, ocupando menos espaço nas vias e nos estacionamentos. Dizem-nos que a cidade possui 10 milhões de habitantes e há dez milhões e meio de “scooters”. Eis uma boa medida para seguir nas grandes urbes, logo pensámos. O automóvel, comprovadamente, não é uma solução de futuro. Por excelentes autoestradas, acercámo-nos do delta do rio Mekong e da grande cidade. Ficaram na retina os extensos campos de arroz e acabámos de saber pelo simpático guia local, de nome Bao, que este país comunista é o segundo exportador mundial deste precioso cereal. Anotemos algumas diferenças relativamente aos dois países, antes visitados: os escritos informativos são apresentados na língua nacional, o vietnamita e pouco em inglês ou chinês; o alfabeto é latino mas contém muitas acentuações, sendo algumas sobrepostas; abundam as livrarias; 80% da população professa o budismo; há menos inestéticos cabos elétricos aéreos, especialmente nas novas urbanizações.
No entanto, a maior novidade foi a profusão de faixas e bandeiras nacionais ao lado das do partido comunista. Tanta vermelhidão deve ter causado alergias aos ianques mais conservadores que connosco viajavam. Eles foram habituados a ver na foice e no martelo as insígnias do mal. Ho Chi Min é uma cidade moderna que nos parece a mais bem arrumada das que antes vimos e onde não se vislumbra miséria. Constituiu, para nós, uma agradável surpresa pois não nos podemos esquecer da terrível guerra que grassou no país até abril de 1975.
Eis os locais visitados:
1 – Praça Ho Chi Minh
Flores por todo o lado, lindas orquídeas, feira do livro e profusas alusões ao Ano Novo Lunar, dedicado ao galo, ornamentavam a espaçosa praça ladeada de modernos edifícios. A estátua do fundador da república presidia harmoniosamente, contribuindo para o esplendor do espaço, devidamente encerrado ao trânsito. Passeámos pelas avenidas adjacentes onde se encontrava a Ópera e a Câmara Municipal. Tomei um café, bem amargo que custou 24 mil dongs. Antes tínhamos cambiado 50 euros, os quais nos renderam 1.129.000 dongs. Uma fartura!
2 – Notre Dame
Os franceses, que colonizaram o país durante quase cem anos, deixaram esta enorme catedral católica toda edificada em tijolo-burro. Lamentavelmente estava encerrada e não pudemos apreciar o seu interior. Vimos antes a estação dos correios que se encontrava ao lado, provida de muitas lojas de recordações e de artesanato.
3 – Museu dos Testemunhos da Guerra
Este museu foi inaugurado logo em setembro de 1975 e é membro da Rede Internacional de Museus para a Paz e do Conselho Internacional dos Museus (ICOM). Estuda, coleciona, conserva e expõe sistematicamente os vestígios dos crimes da guerra de agressão, mostrando as consequências desastrosas que sofreu o povo vietnamita. Simultaneamente, o Museu sensibiliza os visitantes para a luta contra as guerras injustas, a preservação da paz e a promoção da amizade e da solidariedade entre os povos. Possui nove coleções temáticas permanentes e várias coleções particulares, organizando exposições temporárias e itinerantes. Com cerca de um milhão de visitantes por ano, é um dos locais culturais e turísticos mais frequentados da cidade de Ho Chi Minh.
No exterior estão patentes vários tanques e aviões de guerra utilizados pelos beligerantes e logo à entrada há uma placa agradecendo o apoio dado ao Vietname pelos partidos comunistas de todo o mundo.
Há imensa documentação em fotografias e descrições. Em tão reduzido tempo não nos foi possível atentar em todos os pormenores. Refira-se todavia, alguns dados deveras impressionantes colhidos ao acaso:
- Os militares americanos estacionados no Vietname passaram de 385.300 em 1966 para 485.600 em 1967, culminando no fim de 1969 com mais de meio milhão, mais precisamente, 549.500.
- Em 1969 os americanos lançaram 14,3 milhões de toneladas de bombas (cremos que não nos enganámos, foram de facto milhões).
- Os mesmos utilizaram material químico altamente tóxico que, para além de dizimarem a população, destruíram e danificaram gravemente a natureza, principalmente o coberto vegetal (florestas), cujos efeitos ainda se fazem sentir.
- Há fotografias de crianças e adultos com deformações físicas arrepiantes provocadas pelas dioxinas do gás laranja; inclusive, é mostrada uma carta reivindicativa dirigida ao presidente Obama, em 2009, pelo jovem Tran Thi Hoan, de 23 anos, da segunda geração das vítimas do chamado “agente laranja”.
- O governo americano foi considerado culpado do genocídio do povo vietnamita pelo Tribunal Internacional Bertrand Russel nas suas sessões de Estocolmo e Copenhaga em 1967.
Como se calcula, esta visita foi das que mais impressionou, apetecendo voltar para colher acrescidos elementos a fim de aguçar as memórias dos distraídos e lutar contra os crimes e injustiças, praticados presentemente pelos “senhores do mundo”.
Arranha-céus
Caminhámos sob uma temperatura abrasadora de trinta e tal graus até Saigon Skydeck, local de onde saíam os autocarros para regressar ao Constellation. Trata-se de um espantoso arranha-céus também chamado de Bitexco Financial Tower. Tem 262 metros de altura e 68 andares. A sua construção foi inspirada na flor de lótus, a flor nacional do Vietname.
Nha Trang
No dia seguinte o Constellation dirigiu-se a Nha Trang, praia vietnamita preferida pelos americanos durante a guerra. Hoje é mais frequentada por russos e chineses. Estende-se por uma extensa baía que, em parte, percorremos a pé. Um teleférico sobre o mar, ligando os extremos da baía, compõe o aliciante panorama. O mar estava revolto e a bandeira vermelha encontrava-se hasteada. Numerosos “resorts” turísticos orlavam a praia e notava-se que eram de excelsa qualidade. Em determinada altura topámos com um pequeno grupo de rapazes vietnamitas a piquenicar no areal, comendo lagostas, possivelmente apanhadas por eles, e bebendo cervejas.
Voltámos apressadamente aos pequenos barcos que nos transportaram ao paquete ancorado ao largo, porque começou a chover com intensidade. Felizmente estávamos prevenidos porque nos tinham avisado para levar guarda-chuvas. Após muito hesitar, a Manela lá conseguiu gastar os 100 mil dongs que lhe restavam, comprando uma pequena lembrança.
Singapura
Depois de um dia inteiro de navegação em alto mar, aportámos finalmente a Singapura, início e fim deste memorável cruzeiro. Singapura é uma cidade-estado com escassos 707 km2 de área e pouco mais que 5 milhões de habitantes, fundada pelos ingleses em 1819 como entreposto marítimo comercial. A população é constituída por malaios, hindus e principalmente chineses. Alcançou a independência em 1965 e hoje é o 5º país mais rico do mundo, considerando o PIB per capita. A nosso ver, e em termos de estratégia portuária e comercial, Singapura substituiu Malaca, situada mais a norte do estreito e que foi colónia portuguesa durante 150 anos. Hoje, Singapura é talvez a cidade mais desenvolvida da Ásia, nada ficando a dever a outras metrópoles consideradas de primeiro mundo, da Europa ou da América.
A população de Singapura engloba várias etnias que se orgulham das suas tradições e conferem um colorido alegre à cidade. Não esquecer que estamos no auge dos festejos do Ano Novo Lunar Chinês, com o galináceo dourado preponderante em ruas e lojas.
Todo o arquiteto que se preze devia visitar esta cidade para analisar e estudar os variados modelos construtivos e as soluções urbanísticas que lhe dão harmonia e equilíbrio. As ruas e avenidas são largas e bem conservadas, contendo ornamentos escultóricos, árvores e flores por todo o lado. Até as passagens aéreas para peões estão orladas de flores e cobertas porque não podemos olvidar que estamos só a 1,5 graus a norte do equador e quando chove … chove.
Comprámos passes turísticos de dois dias para viajar nos transportes públicos urbanos MRT (Metro e autocarro) que são modernos, assíduos e pontuais. Por todo o lado há asseio e indicações de segurança redigidas em vários idiomas. Os avisos estão escritos em inglês, chinês, malaio, tailandês e tâmil. Ao longo dos percursos vêem-se placas luminosas que informam qual o tempo provável que falta para chegar aos destinos. A sinalização semafórica é impecável e as toponímias são apresentadas com letras grandes bem visíveis. As recomendações Don’t drink & drive entram pelos olhos dentro dos condutores, bem como a luta contra o famigerado mosquito “zika” através da limpeza, já que esta cidade se orgulha ser um modelo de higiene, segurança e cidadania.
Também andámos a pé, sobretudo na Raffles Place, considerado o centro das finanças, fotografando as curiosas estátuas nas margens do Singapore River, junto ao Merlion (ícone da cidade do leão), na Chinatown, na Little India, ao pé do Teatro da Baía (Esplanade), na Marine Bay, não esquecendo o moderníssimo aeroporto Changi, onde guardámos as bagagens durante o último dia.
Não entrámos em museus e em galerias de arte porque o tempo não deu. Em contrapartida, foi possível visitar demoradamente os Garden by the Bay e os Botanic Gardens. Estes, pela sua importância e especificidade, irão ser objeto de uma crónica especial dedicada à botânica, se para tal, não me minguar o engenho e a arte.
E pronto! Ficou extensa a descrição porque o passeio foi longo e prenhe de atrativos. Pede-se paciência para a ler até ao fim e desculpa por algumas imprecisões. Exara-se um agradecimento profundo aos companheiros de viagem e à Onda Costa, na pessoa do seu administrador, Eng.º João Águas que, esmeradamente cuidou de todos os detalhes para que a digressão fosse exitosa.
Fevereiro/2017
Miguel Boieiro
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