por
MIGUEL BOIEIRO
Hoje em dia divulga-se muito a ideia de que o reformado deve manter-se ativo, quer física, quer mentalmente, através de sistemas adequados à sua idade, para assim prolongar a existência, colaborando, dinamizando e enriquecendo a sociedade de que faz parte. Ora esta é uma verdade absoluta que devemos atender e colocar em prática assiduamente. Mas se para a atividade física existem variadíssimas disciplinas acessíveis, cremos que para atividade mental tal não acontece com tanta facilidade.
É neste âmbito que venho falar do Esperanto como disciplina de higiene e ginástica mental, suscetível de criar entusiasmos e estabelecer uma rede de relacionamentos à escala planetária entre gente informada, progressista, culta e inteligente. As vantagens em aprender e praticar Esperanto são muitíssimas. Todavia, quando me perguntam porque sou esperantista, dou uma resposta sintética: - por gozo intelectual.
Mas afinal, o que é o Esperanto? Trata-se de um idioma criado em 1887 pelo médico Lázaro Zamenhof com o fito de agilizar as comunicações entre todos os povos do mundo. O Esperanto baseia-se nas principais línguas conhecidas (neolatinas, germânicas, anglo-saxónicas, eslavas e outras) onde foi buscar o que de melhor possuem em lógica e simplicidade.
Parece que estou a ouvir alguém dizer - "Ora, burro velho não aprende línguas". É, de facto, um ditado popular com alguma lógica, porque a memorização já não é tão fácil como nos tempos da juventude. Mas eis que está aqui uma das vantagens do Esperanto em relação a outras línguas estrangeiras. Aprende-se Esperanto com um décimo do esforço que é necessário para dominar outros idiomas, se é que os conseguiremos dominar. Como é isso, perguntarão? No Esperanto memoriza-se a raiz e depois através de um engenhoso sistema de sufixos e prefixos, formamos centenas de palavras derivadas desse radical.
Outras vantagens:
1 - É um língua neutra, isto é, não pertence em exclusivo a qualquer país o que coloca todos os falantes em pé de igualdade, porque nenhum tem o Esperanto como seu idioma nativo.
2 - É uma língua justa e democrática. Tal não sucede, por exemplo com o inglês que favorece enormemente os nativos dessa língua e enriquece sobretudo a Inglaterra e os EUA com o ensino do idioma que é, sem dúvida, a língua franca dos tempos atuais. Porém, o que a História regista é que as línguas francas vão mudando no decurso dos séculos pois elas provêm do poder militar e económico que sempre é conjuntural. Daqui a 100, 200 ou 300 anos, se não for antes, o inglês será substituído por outra língua franca. Cá estaremos para ver se será assim, ou não.
3 - O Esperanto tem regras exatas quase como a própria matemática. Existem, em resumo, apenas 16 regras fundamentais onde tudo se baseia. Praticamente não há exceções. Cada letra tem o seu próprio som. Escreve-se como se ouve. Em cada palavra a sílaba tónica é sempre a penúltima.
4 - É uma língua viva que vai evoluindo, através de um método pré-determinado à medida que a ciência introduz novos vocábulos.
5 - Não só a aprendizagem do Esperanto é fácil, como também é gratuita. Nos computadores temos dezenas de cursos gratuitos à mercê de quem o desejar. Por exemplo, este ancião que vos fala, aprendeu Esperanto pela "internet" há cerca de dez anos.
6 - O Esperanto é cultura. As principais obras mundiais estão traduzidas em Esperanto. Encontramos a Bíblia, o Alcorão, os Lusíadas e os principais romances vertidos neste admirável idioma.
7 - O Esperanto é a língua mais flexível que existe. Com ele é possível expressar todas as situações e "nuances" do pensamento humano.
8 - O Esperanto é uma excelente disciplina propedêutica. Chineses, japoneses, coreanos, iranianos, utilizam-no com frequência como patamar facilitador da aprendizagem de outros idiomas.
8 - O Esperanto encerra uma filosofia de compreensão, tolerância, solidariedade, amizade e paz.
Muito mais haveria para dizer se o espaço e o tempo o permitissem.
Neste breve apontamento queria apenas sublinhar os aspetos que se relacionam com a saúde e as boas práticas de utilização dos momentos livres.
Para os anciãos, o Esperanto proporciona-lhes a tão desejada ginástica mental, suscetível de afastar o Alzheimer e quejandas maleitas cerebrais.
Para os mais jovens, ele permite instalar nos seus cérebros um eficaz mecanismo de causa e efeito que é crucial para disciplinar os seus estudos e a própria vida.
MIGUEL BOIEIRO
miguel.boieiro985@gmail.com
5 de novembro de 2015
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