"É mentira!". Respondeu o líder parlamentar do maior partido da Oposição a um destacado militante do partido do Governo (pelo "homem" e pelo que disse, parecia o primeiro ministro; pela "circunstância", parecia o secretário-geral), quando este acusou o partido daquele de "ter na cabeça despedimentos de funcionários públicos".
Entretanto, não é muito natural mas os funcionários públicos talvez só fiquem um pouco enfastiados.
Estão já muito "treinados" em serem objecto de recurso à mentira por parte de certos políticos. Um dos exemplos disso é a diminuição dos seus salários, em que compromissos governamentais e até a verdade da Constituição lhes foi (re)negada.
Despedir funcionários públicos, nas circunstâncias actuais de progressiva degradação por falta de recursos em vários sectores da Administração Pública (AP), é, de algum modo, "despedir" (ir "despedindo") o(s) Serviço(s) Público(s). Só por isso (já não invocando os direitos e a condição humana dos funcionários públicos), com certeza que não deve(ria) "estar na cabeça" de ninguém despedir funcionários públicos. Isso, de facto, deve ser, só pode ser, "mentira". Apesar de ser verdade que já estão a ser despedidos alguns, por exemplo, professores.
Mas, talvez ainda mais do que por isso, é de certeza mentira, porque, pelos vistos, se mantém a triste verdade de "estar na cabeça" de certos políticos que não (lhes) convém despedir funcionários públicos (pelo menos todos), porque estes continuam a ser muito "úteis" (só) para, de vez em quando, servirem de instrumento eleitoral(ista) a troco de uns oportunos e episódicos "privilégios" salariais ou "tolerâncias de ponto". Ou para servirem de "arma de arremesso" politico(queiro). Ou, ainda, para serem o "bode" útil para expiar os pecados de incompetência e ou desonestidade dos grandes "pecadores" do "défice" que estão fora e dentro da Administração Pública. Ou, finalmente - "utilidade" mais recente - para servirem de "instrumento financeiro" mais "à mão" para "acalmar os mercados". É verdade!
Despedimentos de funcionários públicos? É verdade? É mentira?
À cautela, como recurso preventivo quanto a estas "modernas" técnicas "políticas" de "lançamento de lebres", lembremos António Aleixo: P'ra mentira ser segura / e atingir profundidade / tem que trazer à mistura / qualquer coisa de verdade.
João Fraga de Oliveira, Santa Cruz da Trapa