117º Jantar de Amizade UNICEPE


2011-10-19, quarta-feira, 19h45:

"Lembrar Adriano"
As suas canções, por João Teixeira, Carlos Andrade e José Silva

Ementa: Água, sopa de nabiças, bifinhos de peru no forno com espinafres, vinho maduro tinto Dão Quinta de Cabriz, salada de fruta, café, vinho do Porto Poças. Preço: 15,00 ¤
Inscrições para unicepe@net.novis.pt ou 22 205 66 60
(Após o jantar, cerca das 21h30, entrada livre)


Adriano Correia de Oliveira

Já todos nós ouvimos o provérbio: "Muito bem se canta na Sé, mas é para quem é". Ora, este "dito" ajusta-se perfeitamente à figura que, hoje, queremos lembrar. Aquela voz bonita de Adriano Correia de Oliveira não podia deixar de cantar na Sé. E cantou! Cantou na Sé e por toda a parte.

Adriano Correia de Oliveira muito embora seja tido como Avintense, em boa verdade, ele nasceu na Rua Formosa, na cidade do Porto em 9 de Abril de 1942. Chegou a Coimbra apenas com dezassete anos, para frequentar o curso de Direito, na Universidade.

Com o entusiasmo próprio dos dezassete anos, logo começou a frequentar as tertúlias académicas, a boémia coimbrã e facilmente entra nos movimentos estudantis.

De uma vivacidade natural e com uma voz lindíssima, depressa se torna o menino bonito do Orfeão Académico.

Canta o fado (o fado tradicional de Coimbra), gravando um ou dois discos. Entretanto, a este tempo, em Coimbra, sentia-se já os ventos de mudança que sopravam.

José Afonso, que na década anterior fora um dos mais apreciados cantores do fado de Coimbra, andava, agora, por lá, de viola em punho, a cantar uma espécie de cantiga trovadoresca, que rompia com a praxe e a tradição Coimbrã. Era uma cantiga nova, que exaltava e servia os ímpetos libertários que, àquele tempo, fervilhavam e uniam os movimentos estudantis.

Adriano Correia de Oliveira não se fez rogado. Logo se entregou de alma e coração a essa nova corrente musical, a esse novo movimento, a essa nova causa. E surge, então, as mais bonitas trovas que a época produziu; lembremos, por exemplo, "A trova do vento que passa".

Cultiva a cantiga de intervenção e, verdadeiro amante da liberdade, anda por todo o lado, a par com outros cantores, a denunciar a repressão e a prepotência. Insurge-se contra a guerra no Ultramar e ouvimo-lo, então, cantar "Menina dos olhos tristes".

Embrenhou-se também na recolha, selecção e gravação de cantigas do nosso folclore, quer do Continente quer dos Açores e deixa-nos "Morte que mataste Lira".

Muito novo ainda, no auge da sua capacidade criadora, é acometido de uma doença imparável. Morre aos quarenta anos, no dia 16 de Outubro de 1982.

Adriano Correia de Oliveira cantou poesia. Não sei se escreveu algum poema. Mas a sua vida, todavia, é a mais eloquente prova de que a melhor poesia não é a que se escreve é a que se vive.

José Silva




Fotografias de Chico da Emilinha.



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